João Pessoa – A barragem de Camará, com capacidade de armazenamento para 27 milhões de metros cúbicos, se rompeu ontem, alagando várias cidades no interior da Paraíba, matando sete pessoas e deixando milhares de outras desabrigadas. O governador Cássio Cunha Lima (PSDB) disse que a represa foi mal, construída e que o governo estadual já tinha constatado problemas. A Secretaria de Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e Minerais havia detectado algumas rupturas no reservatório e notificado a empresa responsável pela obra.
O governo estadual vai criar uma comissão para investigar as causas do rompimento da represa construída entre 2000 e 2002. “Vimos que foi mais uma obra erguida a toque de caixa, com fins eleitoreiros, como tantas outras. O governo do Estado vai indenizar todos, inclusive os comerciantes que perderam o que tinham”, disse. A água, em algumas regiões, atingiu 3 metros de altura, segundo o secretário Sérgio Góis. Os municípios mais atingidos são Alagoa Grande, que foi inundada, Alagoa Nova, Gurinhém e Mulungu. Esta cidade ficou sem luz e a previsão é de que só nos próximos 15 dias seja normalizado o abastecimento. “Toda a rede elétrica foi levada pela água”, disse Cássio. Para o governador, o resultado de tamanha tragédia só poderá ser entendido como um projeto mal elaborado ou uma obra mal executada. “E sabemos através do Tribunal de Contas que houve superfaturamento na BR-230. Só ontem foram quatro acidentes por falta de drenagem”, desabafou.
Cássio visitou a área com o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes,. Ele disse que após o sobrevôo nas áreas atingidas, vai definir um plano de ação onde será necessária a ajuda do Governo Federal. “Vamos recuperar casas, indenizar famílias. Não calculamos o prejuízo, mas algo em torno de bilhões. Mas o que importa neste momento é a comunidade, são os moradores, as vítimas que poderiam não estar passando por essa tragédia”, disse.
Segundo ele, o clima é devastador “porque vocês imaginem o que é uma barragem com 27 milhões de metros cúbicos de água que vaza e arrasta pessoas, carros, animais e tudo o que aparece na sua frente. A nossa preocupaçäo agora é com outros municípios e a cidade de Araçagi porque as águas chegarão à barragem de lá e nós temos de evitar danos maiores.”