Baixa umidade relativa do ar e queimadas preocupam

As altas temperaturas registradas nos últimos cinco dias no Estado, em pleno inverno, estão contribuindo para baixas marcas de umidade relativa do ar. Com conseqüências desfavoráveis para a saúde dos paranaenses, o fenômeno aumenta os riscos para o meio ambiente, já que a vegetação fica mais seca. Ontem, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) fez um alerta aos produtores rurais para que evitem as queimadas, principalmente nesta época do ano, quando os campos estão secos em decorrência de geadas, seguidas por períodos de seca.

De acordo com a meteorologista Sheila Paz, do Instituto Tecnológico Simepar, a umidade está bem abaixo do que costuma registrar nessa época do ano, o que faz com que o risco de incêndios seja elevado. Ontem, Curitiba marcou 35% de umidade relativa e pico negativo 30,5% durante a semana. ?Isso é causado por um bloqueio atmosférico, ou seja, uma coluna de ar muito seca que impede que frentes frias umedeçam o ar?, explica. Mas Paz diz que o bloqueio tende a perder intensidade no fim de semana e no domingo já deve chover no Estado.

Queimadas

Os riscos de incêndio nas áreas de lavouras estão preocupando a Seab, principalmente na região Sudoeste do Estado, a mais afetada pela estiagem no início do ano, e que enfrentou três geadas fortes recentemente. Mas de acordo com a Defesa Civil, ainda não foram registrados grandes incidentes devido ao ar mais seco. ?A nossa maior preocupação é em setembro, mês costumeiramente mais seco?, explica o tenente Gilson de Mattos. Ele revela que a Defesa Civil e a Seab já estão se reunindo para estabelecer de que maneira irão trabalhar no próximo mês para evitar os incêndios. ?Por enquanto estamos atendendo mais chamados na área urbana.?

Segundo Edson Maurício, engenheiro agrônomo da Seab, entre os danos provocados pelas queimadas nas lavouras estão a diminuição de matéria orgânica no solo, que é responsável pela manutenção da vida do solo; a redução da capacidade de retenção da água, fazendo com que a cultura a ser instalada sofra mais nos períodos de seca; a eliminação de grande quantidade de nutrientes que poderiam ser aproveitados pelas próximas culturas a serem plantadas; e aumento significativo dos riscos de erosão, já que o solo fica desprotegido e exposto ao contato direto das gotas da chuva. ?É preciso que todos os agricultores tenham consciência de que o solo é seu maior patrimônio, e que as queimadas só trazem prejuízos às suas propriedades e ao meio ambiente?, alerta.

Abastecimento

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) afirma que os paranaenses podem ficar tranqüilos, que os níveis dos reservatórios estão na média, já que a empresa faz reserva durante o verão. A Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel) informa que também não há risco de falta de energia. Apesar de alguns reservatórios como o do Capivari, que está com apenas 56% da capacidade, o de Iguaçu-Cachoeira, principal do Estado, trabalha a 93%, e que existe a possibilidade de trazer energia de outras regiões do País.

Médico adverte sobre perigos à saúde

Apenas alguns poucos dias de baixa umidade relativa do ar já são suficientes para afetar a saúde do ser humano. De acordo com o médico pneumologista João Adriano de Barros, a procura de pessoas com problemas relacionados ao sistema respiratório aumentou durante a semana.

?É muito comum quando a umidade fica baixa. De de quem vem ao consultório, a maioria é composta de portadores de doenças respiratórias crônicas, como sinusite, rinite, asma, bronquite e conjuntivite?, conta. De acordo com o médico, crianças e idosos são as faixas da população mais sujeitas a terem problemas com o ar seco. ?Mas mesmo quem nunca sofreu de nenhuma dessas doenças pode ser acometido por alguma delas devido à baixa umidade?, revela.

Para evitar maiores transtornos, Barros dá alguns conselhos simples. O primeiro é manter a hidratação adequada do corpo, ingerindo de 2 a 3 litros de líquido todos os dias. Outra dica é utilizar colírio e spray nasal de soro fisiológico várias vezes ao dia. ?Não há contra-indicação e assim a pessoa garante que suas vias respiratórios estarão hidratadas?, explica. Para ambientes onde vá se permanecer muito tempo, o médico dá uma receita tradicional. ?No trabalho ou quando for dormir, pode-se estender uma toalha úmida ou até mesmo deixar uma bacia com água perto da cama?, explica.

Barros lembra ainda que é bom evitar exercícios físicos ao ar livre entre 10h e 16h e tentar evitar, também, aglomerações em ambientes fechados, preferindo locais arejados, mas protegidos do sol. Caso queira praticar exercícios a pessoa deve procurar áreas com vegetação, pois nesses locais a umidade do ar é sempre maior. (DD)

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