Atendimento nas US não agrada toda a população

Por outro lado, existem muitas pessoas satisfeitas com os serviços dos postos de saúde. A reportagem conversou sobre o atendimento com usuários de quatro unidades de saúde da cidade: Santa Cândida, Vila Hauer, Boqueirão e Boa Vista. As duas últimas são 24 horas.

A balconista Cláudia Aparecida Rodrigues dos Santos passou por uma situação delicada na US 24 horas do Boqueirão. A sua mãe possui tuberculose e problemas no coração e no pulmão. Ela precisou de atendimento porque sentia muitas dores. "Às 21h, o médico atendeu a minha mãe e pediu para que ela ficasse em observação porque iria precisar de internação. Ela gritava de dor e eles (funcionários) apenas diziam para aguardar. Deram dipirona para ela e disseram que a dor passaria", lembra.

Cláudia conta que o médico informou que sua mãe necessitava ser transferida para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). "Fiquei desesperada porque ela chorava de dor e eu não conseguia fazer nada para mudar a situação. Ela iria morrer ali? Eles só me diziam que eu tinha que esperar", comenta. Somente às 22h do dia seguinte a mãe de Cláudia foi transferida para um hospital em Campo Largo.

A aposentada Rita Alexandrina de Jesus Ferreira precisou ir ao US 24 horas do Boa Vista quando não se sentiu bem. Ela é hipertensa e não teve o atendimento que gostaria. "O médico mandou a enfermeira me dar dois analgésicos e disse que podia ir embora quando quisesse. Fiz isso. No dia seguinte, fui me consultar no Hospital de Clínicas e ficou constatado que eu tinha tido um derrame", afirma. A dona-de-casa Santina dos Santos, que tem hipertensão, foi até a unidade Santa Cândida porque sentia tonturas e dores nas costas e no peito. Chegou às 5h40, mas só foi atendida às 9h e recebeu a notícia de que precisava voltar às 14h, horário que médico chega no posto. "Não vou ficar aqui esperando esse tempo todo. Vou para casa, na Barreirinha, e depois volto", declara.

O servente Amauri Cordeiro passou na US 24h do Boa Vista no início desta semana, antes de ir para o trabalho, porque sentia um mal-estar. Ele foi atendido rapidamente, ao contrário do que ocorre no posto do bairro Fazendinha, perto de onde mora. "Lá é muita gente e acabo saindo tarde de lá", fala.

Serviço das unidades também recebe elogios

Não é todo mundo que possui reclamações das unidades de saúde de Curitiba. Metade das pessoas entrevistadas pela reportagem de O Estado declarou que foi bem atendida quando buscaram esse serviço. "Para mim, o atendimento sempre foi bom. Moro perto do posto e vou até lá com freqüência", informa a dona-de-casa Emília Maes, que utiliza a US Santa Cândida. "O serviço é ótimo. Sempre que precisei ir até a Unidade 24h Boa Vista, fui bem atendida", conta a dona-de-casa Lúcia Nonato.

O aposentado Paulo Abranoski não possui reclamações da US Vila Hauer, onde se consultou ontem, assim como Osni Luiz Rodrigues, ajudante em uma casa de apoio para psicóticos. O economista Eros Augusto Cordeiro de Sá, usuário também da US Vila Hauer, acredita que o problema do atendimento é a falta de profissionais para atender a grande demanda de pessoas que procuram o serviço. "A Prefeitura deveria contratar mais. A culpa não é dos profissionais. O atendimento é bom. O problema é ter de fazer uma consulta em 3 minutos para dar conta", avalia.

As irmãs Ivana e Iolanda Passos Brasileiro buscaram a US 24h do Boqueirão para o atendimento da mãe delas. A senhora, que possui problemas renais, sentiu falta de ar e febre durante a madrugada de ontem, quando foi levada para a unidade. Para elas, o serviço foi bom, o que também aconteceu em outras situações. Mas Ivana faz uma ressalva. "Já passei mais de 3 horas aqui esperando", lembra. Iolanda diz que o serviço no posto do Sítio Cercado, onde mora, é satisfatório. (JC)

Evolução na assistência aos pacientes

A superintendente da Secretaria Municipal de Saúde, Edimara Seegmüller, explica que as cinco unidades de saúde 24 horas da cidade estão evoluindo na assistência e já possuem leitos de internamento hospitalar para casos de baixa complexidade e de alta resolução, por períodos curtos e com posterior acompanhamento laboratorial. Para melhorar a organização, a estrutura dos prédios está passando por reformas, pois foram construídos em 1992. "A rede cresceu muito e vai apresentando déficits pontuais", afirma. De acordo com ela, das 107 especialidades oferecidas na rede de serviços, há dificuldades no atendimento de 13 delas, como dermatologia, otorrinolaringologia (especialmente nas cirurgias), neurologia, endocrinologia e alguns exames. "A secretaria vem trabalhando para dar uma oferta maior à população e um atendimento integral. Mas é preciso tempo para sedimentar tudo isso", conclui Edimara.

Curitiba possui uma rede com 108 unidades de saúde, sendo três centros de especialidades, cinco US 24 horas e cem postos básicos. (JC)

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