Árvores antigas são motivo de preocupação na Capital

A morte de Edson Laudelino, 57 anos, devido a uma queda de árvore alerta para o perigo que esse tipo de acidente pode oferecer. Em Curitiba, apesar de a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) realizar cerca de 3,5 mil intervenções – cortes, podas e substituições – em árvores por mês na cidade, a arborização antiga ainda é motivo de preocupação e pode ser considerada a principal causa dessas ocorrências.

Para o doutor em Fitotecnia e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Flávio Zanette, que estuda árvores urbanas há 40 anos, as espécies plantadas na década de 1970 não são as mais adequadas para o ambiente da cidade. “Além de serem muito antigas, as tipuanas, os monjoleiros e até mesmo as araucárias são espécies cujos galhos, por natureza, naturalmente caem espontaneamente e podem causar acidentes, não sendo indicadas para ambientes urbanos”, explica.

“Com chuva e vento, a situação é pior ainda porque a chuva triplica o peso da copa e, ao mesmo tempo, o vento deixa a árvore mais frágil, ainda mais devido ao manejo errado que é feito por parte da companhia de energia elétrica, que corta a copa em formato de Y”, completa. Por isso, ele acredita que as podas, mesmo que frequentes, não são suficientes para conter os galhos e evitar os acidentes. De acordo com ele, essas são as espécies encontradas no centro da cidade, inclusive na Avenida Silva Jardim, onde ocorreu a morte de Laudelino.

De acordo com o superintendente da SMMA, Sérgio Tocchio, a substituição é feita somente quando uma das 15 equipes de manutenção da arborização detecta algum comprometimento grave na estrutura da árvore. “O Plano Diretor da cidade prevê a substituição gradativa das árvores mais antigas, mas enquanto isso, temos grupos que passam diariamente nos bairros para fazer o diagnóstico e que fazem podas programadas e podas emergenciais. Se algum deles percebe algum comprometimento na saúde da árvore, é recomendada a substituição, mas é impossível cuidar de todas as 300 mil todos os dias”, comenta.

Casos

Acidentes tão graves quanto o que ocorreu nesta quinta-feira (26) não são tão frequentes, mas causam preocupação entre a população de Curitiba e Região Metropolitana por sua imprevisibilidade. Este não é o primeiro caso a ocorrer em 2012. No último dia 4, um galho de uma araucária atingiu dois homens em uma praça de Rio Branco do Sul. Um deles, Ari Mussum, morreu no local e o outro, Antônio Ribas do Nascimento, teve ferimentos na perna e nas costelas.

Já em 2011, o principal caso foi de Manoel Donha Dias, que morreu no dia 7 de junho, em frente ao prédio onde morava, no bairro Água Verde, ao ser atingido por galhos de uma árvore. No entanto, a ocorrência com maior repercussão na região de Curitiba aconteceu em 25 de janeiro de 2004, quando um casal foi atingido pela queda de uma araucária ao caminhar pela praça Santos Andrade, no centro de Curitiba. Fábio Maurício Gubava morreu na hora e Li Kwan Zhen faleceu no Hospital Cajuru, onde foi atendida com ferimentos graves.