Artesanato vira fonte de renda na região de Irati

Estão perto de 8,5 milhões as pessoas que trabalham com a produção de artesanato no País. A atividade movimenta por volta de R$ 28 bilhões por ano, o que representa 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Para muitas famílias, essa produção significa uma alternativa de renda, principalmente para quem mora em pequenos municípios.

O agricultor de Irati – a cerca de 100 quilômetros de Curitiba – Laurentino dos Santos Pepe aprendeu com o pai, há mais de trinta anos, a arte de transformar madeira em artesanato. Com o auxílio de um torno elétrico, a madeira é transformada em utensílios, como copos, cuias e barricas para bebida. Pepe explicou que o processo começa com a escolha da madeira: “Tem que ser uma madeira firme, que dê bom acabamento e não deixe gosto na bebida”, ensina o artesão, acrescentando que o material que melhor atende a essas exigências é o cedro, “porque a canela e a imbuia dão dor no estômago”.

Depois de modelada no torno, a peça é lixada e precisa ficar secando por até três dias. A última etapa é o acabamento com cera, cujo processo de finalização dá o tom da cor da peça. Em Irati, um copo de madeira é vendido por cerca de R$ 3, mas o artesão prefere levar o produto diretamente para revender, onde consegue ganhar o dobro. O melhor mercado, conta, é em Curitiba, onde as lojas valorizam mais o produto feito no interior: “Lá a gente tem as lojas certas. Elas fazem o pedido, e só vamos entregar”.

Na Cia. Rural, no centro de Curitiba, o empresário Ricardo Zanello confirma que há quatro anos compra o artesanato feito em Irati: “Esse tipo de peça tem boa saída”, justifica. Segundo ele, além da qualidade, o que facilita o negócio é que muitos artesãos entregam diretamente o produto na loja, o que também ajuda manter o estoque sempre em dia.

Nas mãos do artesão Osvaldo Felix da Silva, partes do boi que são descartadas, como os pés, chifres e cabeça, viram cantil, porta-cerveja e berrante. Há cerca de quatro anos ele resolveu investir na transformação desses produtos, e garante que está dando certo: “Eu recebo encomendas de diversas partes do Brasil, e os compradores vêm buscar diretamente aqui”.

Frigoríficos

A matéria-prima para esse tipo de artesanato vem de frigoríficos da cidade. Depois de desossar as partes do animal, elas recebem tratamento para conservação e ganham forma com a utilização de garrafas de vidro e arremate em couro. Assim são produzidos os cantis e porta bebidas. Já os berrantes são feitos com o chifre do animal, que também recebe tratamento para a conservação e acabamento. O processo mais difícil é a transformação da cabeça do animal, que normalmente é encomendada para decorar fazendas e churrascarias.

Entidade conta com 180 artesãos

A Associação Iratiense de Artesãos tem 180 pessoas cadastradas, que produzem uma grande variedade de produtos. A presidente da entidade, Inês Kowalski, afirma que para muitas famílias o artesanato se tornou a principal fonte de renda. “E existe pessoas que complementam a aposentadoria com a venda do artesanato”, completou. Segundo Inês, a associação foi fundado há quinze anos, e tem o papel de promover e divulgar a produção local.

Com uma sede no centro de Irati, a entidade possui uma loja que serve de vitrine, onde os produtos estão expostos em setores organizados. Entre eles estão o dos torneiros, que reúnem peças feitas de madeira – a grande maioria -, das broleiras, com peças bordadas e crochê, e da gastronomia, que reúne opções como bolachas, conservas, macarrão e pieroge – tradicionais pastéis cozidos da culinária polonesa. Mas são as feiras e exposições que melhor ajudam a divulgar o artesanato da região. Inês Kowalski afirma que durante esses eventos podem atingir públicos diferenciados e fechar negócios a longo prazo. “Elas são as grandes vitrines dos nossos produtos.” Quem quiser mais informações sobre o artesanato de Irati pode entrar em contato com a associação através do telefone (42) 422-6756. (RO)

Cassio regulamenta feiras de artesanato

O prefeito Cássio Taniguchi assinou ontem decreto regulamentando o funcionamento das feiras de artesanato e artes de Curitiba. O texto, que substitui o regulamento de 1989, foi elaborado por um Conselho Provisório das Feiras de Artesanato. Criado há dois anos, o conselho é formado por sete representantes da Prefeitura e outros sete dos artesãos, eleitos pela categoria. O organismo já promoveu 51 reuniões.

“Queremos resgatar a importância do artesão curitibano, que faz seu produto, que gera empregos. Por isso, elaboramos o novo decreto com os próprios artesãos, que sabem realmente quais são as necessidades da categoria”, diz Ari Ricardo Arantes, superintendente da FAS – Fundação de Ação Social – e presidente do Conselho Provisório. A principal mudança estabelecida pelo decreto é a criação, em caráter permanente, de uma Comissão de Feiras de Arte e Artesanato que irá fiscalizar e orientar o funcionamento de todas as feiras do setor na cidade, com agilidade para organizar o setor e baixar resoluções.

O novo decreto define ainda conceitos sobre o que é atividade artesanal e estabelece critérios de avaliação dos produtos. Para expor, o feirante terá de provar, entre outras coisas, que é produtor, e não apenas repassador de mercadorias. Além disso, terá também que morar em Curitiba ou Região Metropolitana. Será concedido um prazo para que todos os artesãos se adaptem ao novo decreto. Este prazo será acordado em conjunto com a nova comissão, que deverá ser eleita após a publicação do novo decreto.

A nova regulamentação das feiras de artesanato irá criar também novas vagas para a Feira do Largo da Ordem, a maior da cidade e a mais concorrida do setor. As vagas serão abertas para artesãos que já expõem nas feiras dos bairros e para as coordenações regionais da FAS. Também cria vagas temporárias para entidades sociais e artistas de rua, além de destinar vagas para idosos e deficientes, conforme a lei. Curitiba conta hoje com 19 feiras de artesanato espalhadas pelos bairros da cidade, reunindo 1.700 artesãos.

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