Arte circense nos semáforos

Há pouco mais de dois anos, a presença de malabaristas nos semáforos se tornou uma cena comum nas ruas das principais metrópoles do País. Em Curitiba, o panorama não é diferente. Percorrendo as ruas centrais da cidade é possível verificar grande presença desses artistas que sobrevivem ou contam com uma arrecadação a mais com essas apresentações.

Uruguaios e argentinos na sua maioria, os malabaristas se apresentam de segunda a sexta-feira e, em alguns casos, nos finais de semana, mesmo com o movimento menor nas ruas. Alguns ainda se apresentam em festas e eventos infantis, teatros ou circos. A maioria desses malabaristas veio ao Brasil para tentar uma vida melhor. Tinham outra profissão, mas não deram certo nas suas carreiras. “Mesmo longe da família, estamos fazendo algo. Se continuássemos lá, isso não teria acontecido”, destaca Martín Fernandez.

Fernandez, de 25 anos, está há dois meses em Curitiba se apresentando com os malabares. Quando ainda morava em Montevidéu, no Uruguai, Martín trabalhava como desenhista gráfico. Ele conta que a mulher, artesã, o acompanha desde o começo da carreira, que aprendeu a seguir por incentivo de amigos, já praticantes da arte. Segundo o malabarista, o objetivo do casal é retornar para a terra natal, mas enquanto isso não ocorre, eles planejam viajar por outras cidades do Brasil. O próximo destino deve ser Belo Horizonte. “Aproveitamos para conhecer novos lugares e sempre tentamos ganhar dinheiro através do que fazemos. É interessante e divertido, mas no fundo queremos voltar para Montevidéu”, diz.

Vivendo com a arte

Mais experiente, casado e com duas filhas, o uruguaio Álvaro Ramirez, de 31 anos, está em Curitiba há dois anos trabalhando em festas e fazendo os malabares nos semáforos. Ele afirma que trabalha com a arte há nove anos. “Não vivo somente das apresentações dos semáforos. É lógico que é uma soma a mais na renda da família, mas não é o ponto principal”, destaca. Quando ainda morava no Uruguai, Álvaro trabalhava como mecânico, mas as dificuldades financeiras logo apareceram e ele viu nos malabares uma alternativa para ganhar a vida.

No sangue

Para o argentino Diego Armando Miranda, de 22 anos, o malabarismo apareceu na vida mais tarde. Mas a arte já estava no sangue. Vindo de uma família circense, há pouco mais de dois anos recebeu uma proposta para aprender a trabalhar com malabares. Diego destacou que queria fazer teatro, mas como estava desempregado e sem perspectiva de emprego em Buenos Aires, aceitou o desafio. “Foi uma das melhores coisas que já fiz, pois utilizo o que aprendi em apresentações circenses e também em algumas peças populares”, afirma. Trabalhando em Curitiba há dois anos, Diego divide um apartamento com dois amigos brasileiros acrobatas. “Sou da quinta geração de uma família que vive do circo, mas gosto do teatro e estou fazendo isso aqui. As apresentações nos semáforos me ajudam a conseguir um dinheiro extra”, explica.

Nicolas Gonzalez, 19 anos, está há apenas duas semanas em Curitiba. Ele conta que trabalhava desde os 14 anos com entregas em Montevidéu, no Uruguai, mas foi despedido. Precisando de um emprego, Nicolas afirma que aprendeu a arte com um amigo. “Estou me virando, moro sozinho e não penso em fazer algo diferente. Sinto saudades de casa, mas aqui consigo trabalhar”, explica.

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