Após ameaça de multa, PM desocupa área em Curitiba

A Polícia Militar cumpriu, na manhã de ontem, uma reintegração de posse em uma área da favela Parolin, em Curitiba. Cerca de onze famílias foram afetadas pela desocupação. Umas deixaram os imóveis e outros tiveram parte deles demolidos, já que estavam dentro da área de 500 metros quadrados ocupados de forma irregular. A liminar de reintegração havia sido expedida em 2004, mas o governo do Estado se negava a enviar a força policial. A medida só foi acatada depois que o juiz da 13.º Vara Civil, Antonio Domingos Ramina Júnior, atribuiu uma multa diária pelo descumprimento.

Foto: Daniel Derevecki

Imóveis estavam em uma área de 500 metros quadrados.

Os cerca de 120 policiais chegaram na favela por volta das 7h, acompanhados do oficial de justiça. Apesar de não concordarem com a medida, a desocupação foi pacífica. Os próprios moradores agilizaram a demolição dos barracos e a retirada dos objetos para evitar confronto com a PM. O presidente da Associação de Moradores, Edson Rodrigues, afirmou que muitas pessoas estavam no local há 40 anos e nunca houve qualquer tipo de reivindicação pelo imóvel. ?Quando aqui era um esgoto e não tinha a rua asfaltada, ninguém queria saber do terreno?, reclamou.

Foto: Daniel Derevecki

Trabalhos feitos de manhã.

A Companhia de Habitação (Cohab) de Curitiba ainda tentou reverter a situação. A diretora técnica do órgão, Teresa Oliveira, confirmou que entrou em contato com o juiz para mostrar um projeto que a Prefeitura irá desenvolver para regularizar a favela. ?Mas o juiz disse que não voltaria atrás porque se sentiu desrespeitado pelo governo do Estado?, comentou. Teresa falou ainda que o município até poderia assumir o valor da multa estipulada na liminar, pois queria evitar que as famílias fossem desalojadas. ?Nós lamentamos que a Cohab não foi informada da reintegração, pois teríamos tempo de mostrar ao juiz o projeto?, ponderou.

Depois que tiveram a confirmação de que nada mais poderia ser feito, os moradores começaram a sair. Vanderlei Vilasques afirmou que morava no local há 40 anos. Ele lamentou a situação e cobrou uma decisão semelhante para outras invasões. ?Porque o Requião não tira os amigos dele da Santa Quitéria?, disse, se referindo a uma invasão que ocorreu no início do ano e que ainda não houve reintegração. O casal Daniel e Ana Petrolini também estavam desolados. A casa de dois cômodos, que eles dividiam com cinco pessoas, seria derrubada e eles não tinham para onde ir. Para três famílias a Cohab iria entregar kits de madeira para que construíssem novos barracos em terrenos vazios na favela.

De dentro de uma das casas os moradores retiraram cinco máquinas de caça-níquel, que foram levadas em uma caminhonete particular. O comandante da operação, capitão Sidney Costa, disse que essa situação precisaria ser investigada.

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