Álcool em gel diminui acidentes em 60%

Com a proibição da venda do álcool líquido e a introdução da versão em gel no ano passado, o número de pessoas com queimaduras atendidas no Hospital Evangélico, em Curitiba, caiu 60% nos seis meses em que a determinação vigorou. Mas a volta da comercialização do álcool líquido, graças a uma liminar obtida pelos fabricantes, preocupa os médicos. Os antigos índices de queimaduras estão quase sendo alcançados.

“Durante esses seis meses, os acidentes passaram a ser raros e ocorriam na maioria pelos estoques antigos do produto”, explica Luiz Calomeno, médico do setor de Cirurgia Plástica e Queimados do Evangélico. O álcool líquido é usado em diversas situações, como esquentar a comida de forma improvisada, aquecer ambientes e começar o fogo na lareira ou churrasqueira. “A causa principal das queimaduras é o uso indevido do álcool”, conta.

Para o médico, as pessoas não pensam nas conseqüências quando mexem com a substância, mesmo aquelas com um bom nível de conhecimento: “Têm pessoas que jogam o álcool direto na churrasqueira. Acabam se queimando porque o fogo também atinge o vapor que ficou no ar entre a churrasqueira e a garrafa”, conta. “Além disso, as crianças brincam muito com o produto, fazendo carreiras e jogando fogo, por exemplo.”

Calomeno aponta que há diversos tipos de álcool e a população deve saber comprar o mais adequado, dependendo da aplicação. O álcool líquido 92º é o mais perigoso, porque tem poder de explosão. O médico aconselha o uso do álcool em gel de diferentes graus, que atendem todas necessidades domésticas sem oferecer riscos: “As pessoas devem evitar o álcool líquido de 92º. Muitas mulheres gostam de usar esse tipo na limpeza. Se fizerem questão disso, podem adquirir um álcool líquido de 46º”, sugere o médico.

Ele acredita que os consumidores já colocaram na cabeça que o álcool em gel não funciona. “O álcool em gel existe com 46º até 80º. O primeiro pode ser aplicado na limpeza e o outro no início do fogo, pois não é explosivo”, comenta Calomeno. Outra vantagem da versão em gel é a dificuldade de se espalhar rapidamente.

Doloroso

O tratamento de queimaduras é muito doloroso e deixa marcas e deformações, o que pode gerar incapacidade. São várias complicações durante a recuperação, como problemas renais (logo nos primeiros dias), infecção pulmonar e na própria queimadura. Essas reações podem levar a pessoa à morte, dependendo do grau e da extensão da queimadura. “O tratamento é muito dolorido. O paciente toma anestesia a cada dois dias para fazer a limpeza do local e outros procedimentos”, lembra Calomeno. Para ele, o número de queimados só vai cair novamente com campanhas constantes que conscientizem sobre o uso adequado do produto e os tipos de álcool mais indicados.

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