Açougueiros em falta no mercado de trabalho

Com a implantação dos hipermercados, a profissão de açougueiro vem desaparecendo no decorrer dos últimos anos. Segundo especialistas do ramo, a arte de cortar as peças corretamente e ao gosto do freguês vem sendo substituída pela praticidade das carnes já embaladas nos grandes mercados. Nem mesmo salários acima da média estão atraindo interessados.

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado do Paraná, Marino Poltronieri, a situação se deve ainda à falta de cursos profissionalizantes na área. “O açougueiro deve ser um profissional que conhece, além de tudo, a anatomia do animal. É preciso também saber satisfazer o cliente, realizando o serviço na hora e com qualidade”, conta.

A comodidade de encontrar as peças de carnes já prontas e embaladas nos mercados mudou o costume dos clientes em ir aos açougues. “Hoje, as famílias preferem os cortes prontos e temperados. Para evitar que o açougue tenha prejuízos, é necessário que o profissional se adapte, antes de tudo, ao gosto dos clientes”, revela Poltronieri.

Com relação à diferença entre as carnes disponibilizadas em hipermercados e açougues, a resposta é imediata. “Quando a pessoa quer carnes de boa qualidade, deve buscar os açougues. Fazemos os cortes na hora e da maneira que o cliente quiser”, conta o também açougueiro Juscelino Kilian Poltronieri, filho de Marino e que trabalha com o pai há mais de dez anos.

A busca pelas carnes é sempre intensa no açougue deles. O filho conta que, recentemente, tentou fechar a loja para tirar um dia de folga, mas não funcionou. “Fechamos numa segunda-feira, mas não deu certo, toda a vizinhança cobrou no dia seguinte. Se conseguíssemos achar um bom profissional, não precisaríamos fechar e deixar os clientes na mão. Não existem cursos que formam profissionais que saibam como manusear uma peça e fazer os cortes corretamente”, justifica.

A busca por açougueiros qualificados foi motivo para outro empresário pagar salários acima dos normalmente oferecidos – em média R$ 600 – para conseguir um empregado. “Já cheguei a oferecer R$ 1.500 de salário para o cargo de açougueiro. Só assim consegui encontrar um bom profissional que atendesse minhas expectativas”, afirma o proprietário de um açougue no bairro Seminário, José Gorski.

De acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) do Paraná, a implantação de cursos de aprendizagem e capacitação para açougueiros está próxima. “Estamos finalizando o material didático para podermos abrir as vagas e iniciar o curso. Serão aulas totalmente reestruturadas. O curso terá início dentro de trinta dias”, diz o diretor de Educação e Tecnologia do Senac, Ito Vieira. Mais informações pelo telefone 0800-643-6346.