Trânsito

Acidentes de trânsito diminuem em Curitiba este ano

O trânsito de Curitiba parece cada vez mais complicado. Quem dirige pela cidade se depara, frequentemente, com congestionamentos, falta de lugar para estacionar e motoristas impacientes. Porém, apesar dos problemas, dados do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) demonstram que houve redução no número de acidentes, mortos e feridos.

Este ano, de janeiro a setembro, foram registrados 4.505 acidentes com vítimas e 2.189 sem vítimas. No total, 5.363 pessoas ficaram feridas e houve 42 óbitos. No mesmo período do ano passado, foram 5.886 acidentes com vítimas, 2.515 sem vítimas, 7.133 feridos e 72 mortos.

A redução no número de ocorrências, de acordo com o tenente do BPTran Silvio Cordeiro, é atribuída principalmente à Lei Seca (Lei 11.705), que começou a vigorar no ano passado. Apesar de ter como foco regulamentar a punição para casos de embriaguez, ela acabou por promover uma conscientização em relação às questões de segurança no trânsito. Este ano (também até setembro), do total de 1.242 prisões de motoristas na capital, 671 foram por embriaguez. “Apesar das reduções, os dados são preocupantes. Por mais simples que seja o acidente, ele sempre pode resultar em óbito”, comenta. “Além da Lei Seca, as fiscalizações realizadas pelo BPTran também contribuíram com a redução. Enquanto em outras localidades foram realizadas operações específicas para combater a embriaguez, continuamos com nossas operações normais, fiscalizando todas as infrações de trânsito”, completa.

Os acidentes mais comuns, este ano, foram colisão transversal (quando um carro de frente pega outro na lateral, geralmente em cruzamentos), com 2.041 ocorrências; acidente complexo (quando dois veículos se chocam e provocam algum outro evento, como atropelamento, batida em poste, muro ou outro veículo), com 1.642 casos; colisão lateral (quando veículos se chocam lateralmente), com 692 registros; e atropelamento, 667.

Os maiores causadores de acidentes em Curitiba são homens, com idade entre 18 e 29 anos. “Os homens ainda são maioria entre a população que possui carteira de habilitação. Quanto à faixa etária, os jovens costumam ter menos cautela e menos experiência. Além disso, se mostram mais impetuosos, pensando menos nas consequências se seus atos.”

Vias

Até agora, as vias com maior número de acidentes foram a Marechal Floriano Peixoto (66), Comendador Franco (47) e Manoel Ribas (38). Já os cruzamentos com maior número de ocorrências, todos com 14 acidentes registrados cada, são os da avenida Sete de Setembro com a Mariano Torres, no centro; Avenida Victor Ferreira do Amaral com BR-476, no Tarumã; e Victor Ferreira do Amaral com Brasílio de Lara, na divisa com o município de Pinhais.

Atualmente, segundo o BPTran, a frota em Curitiba é de 1.135.527 veículos, para uma população de 1.845.956 de habitantes. No ano passado, eram 1.039.649 veículos, para 1.818.892 de pessoas.

Perigo ronda as estradas

Nas estradas, as estatísticas também são preocupantes. No Paraná, nas rodovias sob jurisdição da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), foram registrados, de janeiro até o último dia 15, 11.464 acidentes, que resultaram em 716 mortos e 9.036 feridos. Já nas rodovias fiscalizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), de janeiro a outubro, foram 11.932 acidentes, 4.883 feridos leves, 1.710 feridos graves e 446 mortos. Os números são superiores aos registrados no mesmo período do ano passado: 7.378 acidentes, com 3.166 feridos leves, 1.085 feridos graves e 224 mortos. “O número de acidentes, mortos e feridos aumentou. Porém, a nossa malha viária praticamente triplicou em maio deste ano, quando a Polícia Rodoviária Federal passou a fiscalizar rodovias que antes estav,am sendo fiscalizadas pela Polícia Rodoviária Estadual”, informa a PRF, por meio de sua assessoria de imprensa. “O tipo de acidente que acontece com mais frequência é a colisão traseira. Foram 3.231 acidentes deste tipo neste ano e 1.937 no ano passado. Em seguida, os acidentes mais comuns são a colisão lateral e colisão transversal, além da saída de pista. O principal fator causador de acidente é a falta de atenção e não guardar distância de segurança entre o carro da frente”, informa a PRF. (CV)

Faça valer o seguro obrigatório

O Ministério das Cidades está realizando uma campanha nacional com o intuito de informar a população sobre a utilização do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT). Anualmente, todos os proprietários de veículos pagam o seguro obrigatório. Porém, muitos esquecem ou não sabem que podem utilizá-lo em casos de acidentes com vítimas, sejam elas pedestres, ciclistas, passageiros ou motoristas. O DPVAT foi criado em 1974, pela Lei 6.194, e garante cobertura por morte (fixa de R$ 13,5 mil), invalidez permanente (até R$ 13,5 mil) e ressarcimento de despesas de assistência médica (até R$ 2,7 mil), como hospitais, médicos, remédios e fisioterapia. “O DPVAT é pago independente de culpa. As pessoas não precisam contratar intermediários para recebê-lo. Basta indicarem uma conta bancária própria, apresentarem boletim de ocorrência e documentos. No Paraná, o Sindicato dos Corretores de Seguros é uma das entidades habilitadas a conceder informações, receber e encaminhar documentação”, explica o coordenador do DPVAT do sindicato, Luiz Carlos Moscardin. Após a documentação necessária ser apresentada, o DPVAT leva, no máximo, 30 dias para ser pago. Este ano, de janeiro a junho, foram pagos R$ 85.935.509,76 de DPVAT, a 30.422 vítimas. Desse total, R$ 31.644.576,31 foram por morte (2.286 vítimas), R$ 36.826.330,83 por invalidez permanente (5.733) e R$ 17.464.602,63 por ressarcimento de despesas (22.403 pessoas). Em 2008, foram pagos R$ 118.498.557,21 a 46.034 cidadãos. Para mais informações sobre o DPVAT, o sindicato disponibiliza o número 0800-415100. (CV)

Consciência da rua enquanto espaço público

A impaciência e a falta de atenção foram citadas pelo BPTran e pela polícias rodoviárias como sendo as principais causas de acidentes de trânsito. Segundo a psicóloga Neuza Corassa, a questão é complexa e está ligada ao modo de vida das pessoas, que estão cada vez mais atarefadas. A psicóloga é autora dos livros Vença o medo de dirigir, Como superar-se e conduzir o volante da sua própria vida e Seu carro – Sua casa sobre rodas: Que tipo de motorista você é? “No trânsito, convive-se com uma diversidade muito grande de características, personalidades e momentos. Para melhorar, é preciso que as pessoas reorganizem suas vidas; resgatem o respeito pelo outro; e realizem alguma atividade física, de respiração e contato com a natureza”, afirma. De acordo com Neuza, atualmente as pessoas fazem uma confusão entre os espaços público e privado. Dentro do carro, se comportam como se estivessem dentro de suas próprias casas, muitas vezes utilizando o veículo como cozinha (para se alimentar) ou escritório. Em função disso, quando algo acontece (como uma fechada, por exemplo), sentem como se sua própria casa estivesse sendo agredida e ficam transtornadas. Outro fator que faz com que os trajetos executados sejam estressantes é a existência de um conflito entre a velocidade cada vez maior da tecnologia e a lentidão do trânsito. “Hoje, as pessoas contam com telefone celular e computadores velozes. Porém, o trânsito está cada vez mais lento e os motoristas se irritam ao terem que parar no sinal ou em meio a um congestionamento.” A sobrecarga de atividades também influencia no trânsito. Atualmente, as pessoas não estão mais dando conta de tudo o que têm para fazer. Muitas vezes, dirigem pensando em outras coisas, não tendo tempo para agir em situações de emergência. “Isso acontece quando o pensamento está longe do corpo. As pessoas executam uma coisa e pensam em outra. Para não se sentirem tão sobrecarregadas, precisam aprender a fazer escolhas.” (CV),

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