Paraná tem crianças de 190 cidades nos lixões

Em todo o Brasil, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), existem cerca de 45 mil crianças e adolescentes que trabalham em lixões. No Paraná, em 190 dos 399 municípios, foram verificados casos de crianças que trocam as brincadeiras ou a escola pela vida nos lixões.

O tema foi discutido ontem por integrantes do Fórum Municipal Lixo e Cidadania, no auditório da Procuradoria do Trabalho, em Curitiba. Nos lixões, as crianças buscam embalagens plásticas, papéis, latinhas de alumínio, vidros e mesmo restos de comida. Constantemente, estão em contato com produtos perigosos como seringas contaminadas, produtos químicos, materiais cortantes, entre outros.

“Os perigos que as crianças e adolescentes correm trabalhando no lixo são imensos: elas podem desde se machucar com algo cortante, pegando tétano, até adquirir uma doença de pele ou leptospirose”, alerta a procuradora do Trabalho Margaret Matos de Carvalho, que preside o Fórum Municipal. Segundo ela, trabalham nos lixões crianças de todas as idades, inclusive com menos de dois anos de vida.

Com a coleta de materiais recicláveis, as crianças e adolescentes conseguem ganhar, em média, por dia, de R$ 1,00 a R$ 6,00. Na maioria dos casos, o dinheiro contribui com o aumento da renda familiar, que geralmente não passa de dois salários mínimos. “Muitas vezes, são os pais que levam os filhos para trabalharem nos lixões”, denuncia. “O dinheiro que as crianças conseguem é utilizado para o sustento da casa e os restos de comida que elas encontram são aproveitados para a alimentação da família. Existem casos de crianças que, durante todo o dia, não comem mais nada além do que encontram no lixo.”

Dados do Unicef revelam que 30% das crianças em idade escolar nos lixões nunca foram à escola. As que freqüentam as salas de aula costumam ter o rendimento e o aprendizado prejudicados. Além disso, são discriminadas por outras crianças por quase sempre estarem em más condições de higiene.

Na opinião da procuradora Margaret, a solução para o problema está na garantia de escolas em período integral para todas as crianças e no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Por meio do programa, são criadas bolsas de estudo para as crianças que deixam de trabalhar. Colocando os filhos na escola, os pais passam a receber um valor mensal em dinheiro que substitui o valor arrecadado pelas crianças e adolescentes nos lixões e em outros ambientes de trabalho.

Marcha

No próximo dia 12, Dia Mundial de Luta Contra o Trabalho Infantil, às 9h, o Fórum Municipal Lixo e Cidadania promoverá uma marcha pelas ruas de Curitiba em favor da erradicação do trabalho infantil. Os participantes devem sair da Praça Santos Andrade em direção à Boca Maldita. Manifestações semelhantes devem ocorrer em outros estados brasileiros e países do mundo.

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