Para José Dirceu, oposição tenta sabotar governo e País

A oposição está tentando "sabotar" e inviabilizar o País e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusou hoje o deputado federal José Dirceu (PT-SP). Prova disso, segundo ele, foi o fracasso da votação da medida provisória 258, que criava a Super-Receita – estrutura única de arrecadação da Receita Federal e da Previdência – e perdeu validade à meia-noite de sexta-feira. O boicote seria para "desestabilizar" e "sangrar" o governo.

"A oposição cada vez mais radicaliza no discurso e na prática, como o boicote ontem (sexta-feira) à aprovação da medida 258. Não há como explicar para o País porque não aprovar a medida", afirmou. "Fez isso para sabotar abertamente, não (apenas) o governo, o Brasil."

Ao participar de um ato público organizado em sua defesa em Belo Horizonte, Dirceu aproveitou para rebater a provocação feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que desafiou Lula a concorrer à reeleição, afirmando que os tucanos querem derrotá-lo. "Ele, que mandou esquecer o que ele escreveu, esqueceu o que ele fez nos oito anos de governo", disse, defendendo uma nova mobilização e uma repactuação política para garantir um segundo mandato ao atual presidente.

Alvo – No ato público, que reuniu pela manhã cerca de 250 pessoas – na grande maioria políticos e militantes petistas – num pequeno auditório da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, FHC foi mesmo o alvo predileto. O prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel (PT), chamou de arrogante o ex-presidente e disse que a convenção nacional do PSDB, sexta-feira (18), em Brasília, revela que o País vive um momento de "disputa política" com o objetivo de "remover" do poder o presidente Lula.

Pimentel chamou FHC de presidente "de triste memória" – "especialmente para nós mineiros, porque como presidente ele espezinhou o nosso Estado, desprezou a nossa cidade, foi um presidente que nos tratou como cidadãos de segunda categoria" – e aproveitou para atacar também o senador e presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), presente no evento tucano.

"Agora não tem mais máscara, foi dito com todas as letras. É isso que querem (retirar o presidente do poder). Já tinha sido dito antes por um senador da República que representa o que há de pior na política brasileira, que queria se ver livre dessa raça. E eu me incluo com muito orgulho nessa raça", discursou.

"No pasarán!"

Já o ex-ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e atual presidente do PT mineiro, Nilmário Miranda, apropriou-se do slogan contra a escalada fascista, na guerra civil espanhola, para disparar contra os tucanos. "No pasarán!", afirmou ao final de seu discurso. "Eles não derrotarão o presidente Lula, não derrotarão a reeleição."

Dirceu acusou as oposições de acobertarem denúncias de caixa 2 em suas campanhas e desafiou PSDB e PFL a se engajarem na aprovação de uma reforma política. "Eles não têm interesse em acabar com o caixa 2 e nem com a corrupção na administração pública federal. O interesse deles é criminalizar o PT e cassar o registro, desestabilizar, fazer o impeachment, ou impedir que o presidente seja candidato à reeleição."

Violência

Para o ex-ministro da Casa Civil, a "direita não mede e não tem limites nem legais nem éticos para lutar pelo poder". Segundo ele, parlamentares oposicionistas estão reintroduzindo no País a "violência política" ao chamar Lula de bandidão e ameaçar surrá-lo.

O deputado voltou a argumentar que não há provas contra ele no processo de cassação a que responde e disse que está sendo vítima de uma "violência jurídica nunca vista". Atacou as CPI’s no Congresso e "grande parte da mídia" – que, conforme disse, já o trata como cassado e vai criando um clima para isso na opinião pública. Segundo ele, as oposições usam as CPI’s para tentar "paralisar o governo, para impedir que o governo governe".

Antes de discursar, Dirceu leu uma carta de apoio do ex-presidente Itamar Franco (PMDB). Uma dezena de jovens, vestidos com camisetas de um vereador petista, gritavam frases em solidariedade ao ex-ministro.

Dirceu reafirmou que continuará militante do PT independentemente do resultado do seu processo político. "A direita sabe, mas ela quer esse troféu para fazer propaganda contra o PT e o governo", concluiu.

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