Para economista, indústria está sofrendo “efeito retardado” de alta dos juros

Brasília ? "A indústria não está bem", avalia o economista Júlio Gomes de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A opinião de Júlio Gomes é baseada em duas pesquisas: a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada hoje (9) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem (8).

O levantamento feito pela CNI mostra que, pela primeira vez em dois anos e três meses, a indústria demitiu mais que empregou. O número de trabalhadores caiu 0,03% entre setembro e agosto de 2005. Para o economista, a queda é pequena, mas significativa, já que ocorre em um período em que se esperava alta do emprego. Na pesquisa divulgada pelo IBGE, a produção industrial em setembro caiu 2% na comparação com agosto.

Para o economista, isso se deve ao "efeito retardado" de alta da cotação do real e das taxas de juro. Júlio Gomes afirma que a indústria agora está sofrendo os efeitos da alta de 16%, em setembro do ano passado, para 19,75% da taxa anual do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Definida pelo Banco Central, ela é usada como referência para os juros cobrados pelos bancos no país.

"O governo aumentou muito os juros e fez com que houvesse uma valorização do real muito forte. O nosso exportador não teve tanto estímulo para exportar", lembrou. Segundo Almeida, a conseqüência é que a indústria vende menos, acaba produzindo menos porque não há procura e, por conta disso, acaba precisando de menos empregados.

"Essa é a cadeia. Como mudar isso? Baixar os juros. O governo tem como reagir. Com isso, se aumentariam as vendas, se produziria mais e contrataria mais trabalhadores. Cabe ao governo acelerar o processo que já iniciou de redução da taxa de juros", destacou.

Voltar ao topo