Para Delfim, compra de dólar pelo BC é ineficaz para conter desvalorização

O deputado federal Antonio Delfim Netto (PMDB-SP) refutou, nesta quinta-feira, a idéia de que o Banco Central (BC) pode ajudar a conter a desvalorização do dólar com a realização de compras da moeda americana no mercado.

"Não tem nenhuma condição de fazer isso (elevar o dólar) comprando moeda. Esse é um processo de arbitragem de juros, que envolve bilhões de dólares. De forma que o Banco Central, mesmo que quisesse (comprar), não tem poder de controlar", disse.

Segundo o economista e parlamentar, a causa principal da derrocada no valor da moeda americana, que hoje se aproxima de R$ 2,2, é a taxa de juros básica (Selic) elevada do País e, portanto, apenas uma queda forte da taxa iria conter a desvalorização do dólar.

Para ele, a alta taxa de juros e seu impacto sobre o dólar terá um efeito de desmonte sobre os setores exportadores do País. "Essa supervalorização está desmontando a estrutura de exportação que montamos nos últimos quatro anos".

Em palestra proferida na Associação de Supermercados Paulistas (Apas), o deputado voltou a defender a idéia do estabelecimento de uma meta para a zeragem do déficit nominal do País e atacou a política monetária do BC que, segundo ele, transformou o real numa commodity.

Segundo Delfim, o sucesso da emissão de US$ 1,5 bilhão em reais realizada pelo Tesouro Nacional, na semana passada, é um dado indiscutível, que comprova a correlação entre a supervalorização do real e o nível elevado da Selic. "Por que houve um sucesso tão grande nesse lançamento? Porque a diferença entre os juros entre o Brasil e o resto do mundo é tão grande que qualquer risco é suportável."

O deputado ressaltou que essa política focada na estabilização da inflação se mostrou muito custosa para o País, o que indica a necessidade de uma mudança. "Somos vítima de um mito construído pela hipótese de que o Brasil não pode crescer mais que 3,5% (ao ano), sem que haja uma escalada da inflação. O custo dessa estabilização que estamos vivendo foi imenso", disse.

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