Papa diz a bispos africanos que abstinência é único meio livre de falhas contra a aids

O papa Bento XVI disse hoje (10) a bispos africanos que a abstinência sexual é a única forma "à prova de falhas" de se evitar a disseminação do vírus HIV, causador da aids, reiterando os tradicionais ensinamentos da Igreja católica para prelados de um continente devastado pela síndrome.

"Causa-nos grande preocupação que a estrutura da vida africana sua fonte básica de esperança e de estabilidade, esteja ameaçada pelo divórcio, pelo aborto, pela prostituição, pelo tráfico humano e por uma mentalidade de contracepção, tudo que contribuiu para a desestruturação da moral sexual", acusou Bento.

O papa reuniu-se com bispos de África do Sul, Botsuana, Suazilândia, Namíbia e Lesoto.

Foi a primeira vez que Bento XVI tratou publicamente da questão da epidemia de aids no continente africano. Ele havia dito no mês passado ao presidente sul-africano, Thabo Mbeki, que a Igreja tinha a responsabilidade de promover valores morais.

O papa disse que compartilhava a preocupação dos bispos com a devastação causada pela aids e que rezava por "todas aquelas vidas que foram destruídas por essa cruel epidemia".

Na África negra vivem mais de 60% dos 40 milhões de infectados pelo HIV em todo o mundo. Em março, um estudo da ONU estimou que mais de 80 milhões de africanos podem morrem de aids até 2025 e as infecções podem chegar a 90 milhões – ou mais de 10% da população do continente – se não houver novos esforços para ampliar os programas de prevenção e oferecer melhor acesso a medicamentos que podem controlar o vírus.

A África do Sul tem o maior número de pessoas infectadas pelo HIV no mundo, e em média morrem de 600 a mil pessoas diariamente de aids no país.

"Exorto vocês a continuarem com seus esforços para lutar contra esse vírus que não apenas mata, mas ameaça seriamente a economia e a estabilidade social do continente", afirmou Bento.

A oposição do Vaticano ao uso de camisinhas tem sido criticada por aqueles que defendem os preservativos como forma de ajudar a combater a disseminação do vírus HIV. Entretanto, vários prelados têm sugerido que o uso de camisinha pode ser o menor dos males.

O papa não tratou diretamente da polêmica em suas declarações.

O que ele disse é que "a Igreja católica tem sempre estado na linha de frente tanto da prevenção quanto do tratamento desta doença" e que "o ensinamento tradicional da Igreja tem provado ser a única forma à prova de falhas para evitar a disseminação da aids".

Por isso, continuou, a fidelidade no casamento "e a salvaguarda que oferece a castidade" têm sempre de ser apresentados aos fiéis, especialmente aos jovens.

O papa tocou em outro assunto sensível quando disse aos bispos para se certificarem que os padres estão observando o voto de castidade. O Vaticano tem sido incitado a tentar resolver a carência de vocações relaxando suas exigências em relação ao celibato.

"Um mundo repleto de tentações necessita de padres que sejam totalmente dedicados à sua missão", disse Bento. "Desta forma, eles são pedidos de forma muito especial para que se abram plenamente para servir aos outros, como Cristo fez abraçando a dádiva do celibato".

Os bispos devem "selecionar conscientemente candidatos para o sacerdócio" e garantir que o celibato "nunca se torne um peso", ensinou o pontífice.

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