Palavras ao vento

O ex-diretor de Engenharia de Furnas Centrais Elétricas, Dimas Toledo, voltou a depor na CPMI dos Correios negando a autoria da suposta lista em poder da Polícia Federal, da qual constam os nomes de 156 políticos de vários partidos suspeitos de terem recebido recursos do caixa dois nas campanhas de 2002.

Dimas compareceu sob a proteção de habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), imunização legal a cidadãos que optam por manter silêncio diante de determinadas questões.

O ex-diretor de Furnas disse jamais ter visto a lista que teria sido feita em papel timbrado de Furnas e com sua assinatura. Atribuiu o feito ao lobista Nilton Monteiro, classificando-o como ?montagem e falsificação para manchar o nome de pessoas e organizações?. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) saiu em defesa do engenheiro expondo o lobista como contumaz falsificador de documentos em proveito próprio.

Dimas relatou ter conhecido Roberto Jefferson somente em 2005, embora o ex-deputado tenha declarado há pouco ter recebido R$ 75 mil dentro do esquema proposto para dar dinheiro extra aos componentes da lista, em troca do apoio à sua permanência na diretoria da estatal.

Quanto a isso, o ex-diretor de Furnas sequer admitiu ter contado com qualquer espécie de apadrinhamento ao ser nomeado para o cargo do qual afastou-se por livre vontade. Jefferson informou que a saída de Dimas foi motivada pela pressão do presidente Luiz Inácio, agastado pelo flagrante favoritismo dado ao governador mineiro Aécio Neves no programa Luz para Todos.

Para o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), no entanto, um ponto requer esclarecimento mais elaborado. Citou que o cabeçalho da lista de Furnas usa a expressão ?Recursos não contabilizados para parlamentares?, atribuindo também ao ex-tesoureiro petista Delúbio Soares o emprego do emoliente eufemismo. Instado a falar sobre a visita do ex-dirigente petista, Toledo justificou-a com o louvável interesse do mesmo em saber tudo sobre as atividades desenvolvidas pela estatal.

Ou seja, a conclusão dos membros da CPMI e dos demais cidadãos não é muito diferente: cada um dos convocados procura defender-se (e aos seus) como é possível, mesmo que, no caso específico de Dimas Toledo, o primarismo de parte da argumentação usada caracterize sua nomeação para a estatal como um ato – no mínimo – irresponsável.

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