Padrão da TV Digital deverá ser anunciado na próxima semana

O jogo de pressão para a definição da escolha do padrão de TV digital que será adotado no País entra na sua reta final. Os técnicos dão continuidade a uma série de reuniões para discutir as promessas de vantagens comerciais de cada um dos três padrões – japonês, europeu e americano -, mas o ponto alto será a reunião, no plenário da Câmara, com os presidentes das empresas de telefonia celular, empresários do setor eletroeletrônico e da área de comunicações e representantes da sociedade civil.

Os parlamentares marcam sua participação nas discussões que serão resumidas em um "paper" a ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que possa tomar a decisão e fazer "o gol de placa", prometido pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. Lula deve divulgar a decisão na próxima semana, quando retorna de uma viagem a países africanos.

Os dirigentes das empresas de telefonia deixarão o plenário da Câmara e seguirão em direção à Casa Civil, onde serão recebidos pela ministra Dilma Rousseff. A disputa em torno do modelo de TV Digital é de interesse das empresas de telefonia porque dependendo da escolha não poderão interferir na transmissão de programas de TV por meio de celulares. Hélio Costa trabalha com a expectativa de que até sexta-feira os estudos e consultas estarão concluídos para serem submetidos ao presidente Lula.

Os parlamentares gostariam que a definição do modelo de TV Digital ocorresse somente em junho, mas Costa insiste na necessidade de fazer a escolha ainda este mês. O ministro pondera que, devido as adaptações de tecnologia que serão necessárias, as emissoras necessitarão de alguns meses para implantação do projeto e assegurar a primeira transmissão no dia 7 de setembro, uma data emblemática que Lula quer comemorar com o lançamento da TV Digital no País.

A semana passada foi caracterizada pela exposição dos modelos. A preferência deve recair entre japoneses e europeus. A opção pelo modelo americano foi praticamente descartada pelo ministro das Comunicações por exigir um maior nível de investimento. Amanhã (7), os representantes do segmento americano vão explicar o modelo adotado nos Estados Unidos e tentar superar as vantagens oferecidas por japoneses e europeus.

A discussão do modelo passa, também, por uma série de contrapartidas que os países estão oferecendo para ganhar a disputa. A expectativa e interesse na decisão do Brasil é significativa porque o modelo brasileiro deve orientar as decisões de outros países latino americanos. Os japoneses já ofereceram vantagens econômicas, como financiamento e troca de tecnologia e enfrentaram a reação dos europeus, que praticamente "cobriram" a proposta japonesa.

Segundo Costa, a tecnologia americana não atende a duas das principais exigências do governo brasileiro: a portabilidade e a mobilidade, que permitem a recepção de imagens em aparelhos portáteis, como o celular, e em movimento, como em um veículo. Além disso, é necessário que haja alta definição de imagens e interatividade, para que a televisão possa ser usada em funções próprias da internet, como acesso a um e-mail.

Os europeus, assim com os japoneses, atendem a todas essas exigências, mas, segundo Costa, precisariam de mais um canal, além dos 6 megahertz permitido pelo governo. Os europeus dizem que já operam em 6 megahertz, em Taiwan. Mesmo assim, será necessário, segundo Costa, que eles façam novos testes para provar que o modelo europeu é competitivo.

Na quinta-feira passada, os japoneses reafirmaram suas ofertas e acenaram com financiamento superior a 400 milhões de euros, também propostos pelos europeus. Ao explicar as características do modelo japonês, Costa afirmou: "Eles cumprem rigorosamente aquilo que o sistema brasileiro exige."

O ministro não esconde sua preferência pelo padrão japonês. Mas a questão será levada à Lula somente após uma análise por parte do comitê formado pelo próprio Costa e pelos ministros da Fazenda, Antonio Palocci, da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.

Voltar ao topo