“Cerveja só faz mal para quem não a degusta. Ela é o pão líquido, o nectar dos deuses. Até porque, se sólida fosse, comê-la-íamos…” – falou e disse Saint Patrick, o bom irlandês…
Depois da água é a bebida mais antiga do mundo. Tem oito mil anos! Inventaram-na os egípcios. Os babilônios (atual Iraque) presenteavam-na aos guerreiros, como prêmio… Os “santos” padres da Idade Média aperfeiçoaram a fabricação. E no ano de 1040 os bons beneditinos fundaram a primeira cervejaria comercial do mundo, a “Weihenstephan”. Amém!
Em Munique existe uma Faculdade de Indústria de Cerveja, mas o vestibular é difícil, até porque na Alemanha, cerveja é rigorosamente controlada. Não se admite monopólio nem fusões.
A cerveja contém gás carbônico, álcool, dextrinas, proteínas, sais minerais, tanino, ácidos orgânicos, vitaminas do grupo B e E. Ela é fabricada a partir do malte, cevada germinada, torrada e moída. É aromatizada com lúpulo, um vegetal produzido em regiões de clima frio, mas que pode ser plantado no Planalto de Lages. Como também a cevada… Mas no mundo globalizado de hoje o lúpulo e o malte vêm da Patagônia, da Bélgica e do Alasca.
A fabricação da cerveja, em grande escala, é complexa. Exige torres de imersão e germinação para “maltagem” (a 12.º centígrados!), torrefação em estufas de dois estágios, pré-empastamento e decocção que levarão ao mosto e à fervura com lúpulo, depois resfriado, filtrado, oxigenado, misturado à levedura, fermentado, re-fermentado e estocado.
Dependendo dos detalhes de fabricação teremos dezenas de tipos de cerveja, como a Alt alemã do Alto Reno, a Bitter inglesa (que não é pasteurizada). A Bock (palavra em alemão que quer dizer “bode”). A Draft, tipicamente americana. A Pilsen, que tem origem em Pilzen, tcheca, maravilhosa! A Porter, londrina, forte, que se bebe nos pubs, falando mal da família real inglesa.
No Brasil a cervejaria mais antiga é a Bohemia, fundada em 1853 e que utilizava as puríssimas águas das nascentes da Serra dos Órgãos, em Petrópolis (RJ). A Antarctica foi fundada em 1885 e trouxe da Alemanha seus mestres cervejeiros. Depois veio a Brahma, fundada pelo suíço Josepha Villeger. Hoje elas dominam o mercado (Ambev), com uma parcela para a Kaiser, com tecnologia da Heineken. Aliás, o mercado da cerveja movimenta cinco bilhões de dólares por ano só no Brasil! E existem fenômenos curiosos como o de uma marca chamada Xingu, quase desconhecida no País, mas com ampla penetração nos Estados Unidos. E agora surge essa Schin…
De qualquer forma o segredo da boa cerveja – como de resto do bom uísque – é a água utilizada na fabricação. E Santa Catarina, principalmente a região do Planalto Lages, tem mananciais de água limpíssimas, sem poluição orgânica ou industrial. Toda a vasta área da Coxilha Rica e Capão Alto, nascente do Rio Pelotas, Rio Lava Tudo estão à espera de contribuir para a nobre arte da fabricação do precioso líquido: a purinha, a legítima, a louríssima cervejota… que só faz mal para quem não a bebe!
Embora eu prefira a irlandesa Guiness, que não é loura, é moreninha… Combina melhor com o infindável horário de verão. Que não foi feito para economizar energia, mas para aumentar o consumo fermentado… Tim-tim!
Experimenta!