Oposição no Senado critica política econômica de Lula

Líderes da oposição criticaram nesta sexta-feira (2) o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito, durante conversa com jornalistas, que só a sua política econômica é "responsável". Eles lembraram que o modelo usado por Lula foi implantado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, seja quando foi presidente, por oito anos, seja quando foi ministro da Fazenda do presidente Itamar Franco.

Os parlamentares entendem que, pelo fato de insistir em negar a realidade, o presidente fica com a imagem de quem vive totalmente alheio à realidade do País, cercado por "bajuladores" que não o ajudam a enxergar a situação concreta de seu governo. "Ele passa a impressão de alguém cada dia mais cercado de palacianos e cada vez mais distante do povo que o elegeu", afirmou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).

Para o líder tucano, Lula deve tomar cuidado "para que os áulicos que o rodeiam, os bajuladores, não o transformem em um Casanova político", comparou, referindo-se ao aventureiro italiano Giacomo Casanova, conhecido pela leviandade de suas palavras. Virgílio prometeu relacionar várias "irresponsabilidades" de Lula. Citou entre elas o fato dele ter interrompido o ciclo de reformas e o de não adotar medidas concretas na área da segurança pública.

Para o líder do PFL, José Agripino (RN), o presidente Lula usa as palavras como um "prestidigitador que quer gerar uma polêmica por semana para anestesiar a sociedade e ganhar tempo com suas iniciativas duvidosas, como é o nada do PAC". "Enquanto o mundo cresce, o presidente Lula, de frase em frase, vai querendo levar o mundo de barriga", atacou.

Agripino disse que o presidente deveria ter aproveitado o encontro com jornalistas para justificar o crescimento pífio do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB). "Ele deveria, sim, reconhecer que a única área de seu governo que está dando certo, é a macroeconômica que já encontrou pronta", sugeriu. O líder cobrou do presidente explicações sobre os US$ 100 bilhões que o governo paga para manter baixo o Risco Brasil.

O líder do PDT, Jefferson Péres (AM), disse que, em vez de chamar seus antecessores de "irresponsáveis", Lula deveria, sim, admitir que ele mesmo foi "conseqüente, responsável e teve a lucidez de dar continuidade à política macroeconômica que estava em andamento". "O que ele elogia é o resultado de 12 anos de política macroeconômica", alegou. Sobre a distribuição de renda, citada pelo presidente, defendeu que só se tornou possível porque ele está se beneficiando dos ajustes do controle da inflação, iniciado no Plano Real. "Tudo isso (a distribuição de renda) não é graça deste ou daquele presidente, mas sim à continuidade de uma política monetária", insistiu.

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