“NY Times” mostra crescente apoio de empresários a Lula

Em reportagem publicada hoje sobre as eleições brasileiras, o jornal americano The New York Times destacou o crescente apoio que o candidato do PT a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, vem recebendo em alguns segmentos da comunidade financeira antes adversos a ele. “Embora os investidores estrangeiros ainda pareçam preocupados, um número cada vez maior de executivos brasileiros está declarando apoio a Lula. Até mesmo alguns dos inimigos mais implacáveis estão prometendo cooperação.”

Segundo o texto, “mais e mais empresários brasileiros acreditam que Lula é o candidato com maior chance de impulsionar o crescimento, estimular a indústria doméstica, criar empregos e defender os interesses do Brasil no exterior”.

A reportagem traz declarações de empresários que aderiram ao Manifesto em Apoio a Lula, como Jan Wiergerinck, do Gelre Serviços Empresariais S.A., que disse esperar que Lula cumpra sua promessa de fazer uma reforma trabalhista. “Apóio o Lula porque ele representa a esperança de que as coisas vão mudar”, disse.

Segundo o jornal, “as promessas de modernização e moderação têm sido essenciais nos esforços de Lula de arrastar o PT para o centro e atrair eleitores tradicionalmente conservadores do Brasil, que no passado desconfiavam de seus discursos esquerdistas”. O texto salienta que o “novo Lula” foi fruto de “uma carreira política de 25 anos em que, como diz o próprio Lula, o Brasil mudou, o PT mudou e Lula mudou”.

A reportagem relembra que, na semana passada, Lula reafirmou a empresários que manterá os princípios básicos da atual política monetária do governo – taxa de câmbio flututante, baixa inflação e um superávit orçamentário alto o suficiente para tornar a dívida pagável, enquanto adotar medidas para promover o crescimento da economia.

“Ao ouvir isso, até Roberto E. Setúbal, presidente do Banco Itaú e membro de uma das famílias mais ricas e conservadoras do Brasil, prometeu apoio a um governo Lula”, ressaltou o New York Times.

O jornal afirma que “Lula seduziu os industriais ao sinalizar para o protecionismo e atraiu simpatizantes de uma onda antiamericana em toda a América Latina causada pelo fracasso do presidente Bush (dos EUA) em impedir o colapso econômico da Argentina”.

Os signatários do manifesto, aponta o diário, culpam o governo atual por adotar uma “política submissa, abrir os mercados de maneira predatória e obrigar empresas nacionais a competirem em pé de desigualdade com as estrangeiras”.

Outro empresário mencionado é o presidente da Gradiente, Eugênio Staub, que voltou a afirmar que acredita no amadurecimento de Lula. “As pessoas estão votando no novo Lula, não no velho”, disse Staub.

“Até Raymundo Magliano, presidente da Bovespa, convicto da teoria dos mercados livres, disse que Lula foi mais rápido do que Serra ao abraçar um plano para reanimar a Bolsa por meio de incentivos fiscais e da popularização da compra de ações”, destaca o jornal. “O que estamos observando é desmisitifcação do PT”, afirmou Magliano.

Mas a reportagem termina afirmando que muitos empresários ainda não foram convencidos, citando uma pesquisa recente do jornal Valor Econômico em que 81% dos empresários disseram apoiar Serra. O texto relembra também uma recente declaração de Antônio Ermírio de Moraes, presidente do Grupo Votorantim, que chamou de “vira-casacas” os empresários a favor de Lula. “Se (Lula) for eleito, rezo para que Deus o ilumine. O Brasil precisa entre US$ 25 bilhões e US$ 30 bilhões por ano de capital estrangeiro. Será que o dinheiro continuará entrando?”, indagou o empresário.

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