No Rio de Janeiro, um em cada quatro idosos sofre de depressão

A solidão, a perda do cônjuge ou de parentes e a falta de interação social fazem com que 24,6% dos cariocas com mais de 60 anos – um em cada quatro – sofram de depressão. A constatação saiu da 1ª Pesquisa sobre Saúde e Condições de Vida de Idosos, cujos resultados foram divulgados ontem, Dia Nacional do Idoso. Alguns são aparentemente paradoxais: 76% dos quase 4 mil entrevistados consideram ter saúde ‘boa’ ou ‘muito boa’. No entanto, 62,7% apresentam hipertensão e 47,3%, artrite ou reumatismo

Essa suposta contradição se dá porque ser saudável, na visão dos entrevistados, não está necessariamente ligado à ocorrência ou ausência de doenças. O que importa, para eles, é manter a autonomia e a independência; ou seja, não precisar da ajuda de ninguém para se vestir, comer, ir ao médico, limpar a casa, fazer compras.

O levantamento mostrou que, neste quesito, a população mais velha do Rio – município com a maior proporção de idosos do País – vai muito bem: 67,6% deles se disseram completamente independentes.

A dona de casa Zofia Lipsztein, de 81 anos, russa naturalizada brasileira, sente-se assim. Mas sua vida já foi bem diferente. Em 1997, quando o marido sucumbiu a um câncer de pulmão, ela se descobriu depressiva. Teve de procurar um especialista e tomar remédios. O tratamento, aliado ao carinho dos dois filhos e dos seis netos e aos novos hábitos – como aulas de ioga e caminhadas – fizeram com que dona Zofia se reerguesse. ‘É extremamente difícil perder o companheiro de uma vida. A família foi muito importante; me deu razão para viver’, disse Zofia.

As mulheres idosas responderam que têm ou tiveram depressão mais do que os homens. ‘Isso pode ser resultado de uma exposição maior da mulher na hora de responder. O homem é mais fechado’, explica Rosana Iozzi, coordenadora do trabalho.

A pesquisa foi feita entre 24 de abril e 5 de maio, durante a Campanha de Vacinação contra a Gripe. Responderam aos questionários, aplicados por universitários, 3.833 idosos abordados em 49 postos de saúde espalhados pela cidade – 65% eram mulheres. A idade média foi 70 anos. Os resultados coincidiram com números de outros estudos, como o Censo e a Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios.

O levantamento revelou o grau de importância dos idosos na estrutura familiar: 70% dos entrevistados são responsáveis pela manutenção da casa em que vivem. Apenas 22,6% deles moram sozinhos. Um quarto do total ainda trabalha e 86,3% dependem de aposentadoria ou pensão.

A iniciativa teve como objetivo conhecer as necessidades dos cariocas mais velhos, a fim de auxiliar na formulação de políticas públicas.

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