No pedágio, duas medidas

Eu ainda não consegui encontrar uma explicação. Não quero entrar no mérito da cobrança de pedágio em si, que está nas mãos do governador Roberto Requião. Ele prometeu resolver o problema na campanha política e por certo vai nos dar uma resposta em breve. No entanto, uma coisa me intrigou nesses anos de ida e vinda de Curitiba a Ponta Grossa e vice-versa e algumas outras idas e vindas ao litoral do Paraná.

Daqui até Ponta Grossa são 110 quilômetros. Praticamente a mesma distância entre Curitiba e o litoral do Paraná, em torno de 100 quilômetros. Acontece que no trecho entre Curitiba e Ponta Grossa, a Rodonorte cobra dois pedágios: R$ 3,40, em São Luís do Purunã, e R$ 4,80, em Witmarsun. Já a Ecovia, que administra o trecho entre Curitiba e Paranaguá, cobra um único pedágio de R$ 6,20, sem contar que no litoral a gente ainda desfruta de estradas alternativas para as praias. Assim, é preciso explicar o porquê de se cobrar R$ 8,20 para circular nos 110 km entre Curitiba e Ponta Grossa, se os equivalentes 110 km entre Curitiba e litoral custam ao bolso do consumidor R$ 6,20. Uma diferença de R$ 2,00 por veículo de passeio nestes dois trajetos.

Há quem diga que a manutenção do trecho para Ponta Grossa é de melhor qualidade do que o do litoral. Não acho que seja, mas também não vem ao caso. O que importa mesmo para o consumidor é o custo final que ele está pagando.

E há outras ressalvas também, sem querer pender para este ou aquele lado, pois afinal ambos os pedágios são caríssimos: quem vai para o litoral pode optar pela BR-376, agora com o trecho de Garuva recapado ou então pelo trecho da Graciosa, ambos sem pedágio. Quem vai a Ponta Grossa não tem alternativa. Infalivelmente tem que arcar com os dois pedágios. Talvez seja este o motivo do custo de R$ 2,00 a mais. Ou paga ou não viaja!

Este é apenas um dos tantos exemplos de cobranças diferenciadas e que precisam ser muito bem explicadas. Quem usa a estrada da Lapa já começa a colocar a “pulga atrás da orelha”, pois por ali também será cobrado o pedágio. “E olha que nesse trecho fizeram apenas remendos e não há acostamento”, reclamava alguém que tem viajado seguidamente para lá.

Se o motorista de veículo de passeio sempre reclamou, o que dizer dos nossos motoristas de caminhão, que precisam utilizar diariamente nossas rodovias? Eles também estão na expectativa de uma solução para o problema do pedágio.

O grande erro está na falta de vias alternativas, sem cobrança de pedágio, que seriam a solução para quem tem necessidade mais freqüente de viajar pelo Paraná.

Lembro quando houve movimentos insistentes em Ponta Grossa para evitar a duplicação do trecho até Curitiba. Era preocupação da Associação Comercial e Industrial da cidade, preocupada com o desvio de compras no comércio da capital, contra o prestigiamento ao comércio de Ponta Grossa. E naquela época nem se sonhava com o pedágio. A duplicação acabou acontecendo e o comércio sobreviveu. Hoje os ponta-grossenses já não viajam tanto a Curitiba porque o pedágio tornou impraticável o ir e vir a R$ 16,40 por viagem.

Certamente muitos ponta-grossenses estarão, como eu, querendo saber o porquê dessa diferença entre os pedágios do litoral e de Ponta Grossa. Certamente o critério do pedágio não é o da quilometragem utilizada e nem da importância ou conservação da estrada. Por que então?

Osni Gomes (osni@pron.com.br) é editor em O Estado e escreve aos domingos neste espaço.

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