No Brasil, 40% não têm opinião sobre comércio externo

Uma pesquisa realizada pelo Grupo Ipsos em quatro países da América Latina (Brasil, Argentina, Chile e México) mostra que 40% dos entrevistados brasileiros não têm opinião formada sobre qual o melhor parceiro comercial para o Brasil. Dos 60% que têm alguma opinião sobre relações internacionais, 26% consideram a promoção do comércio com os Estados Unidos a mais benéfica para o País – praticamente o mesmo patamar dos que são favoráveis à integração via Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Outros 15% preferem uma parceria mais forte com América Latina.

Entre os chilenos, praticamente o contraponto do Brasil na pesquisa da Ipsos, apenas 10% consideram que o comércio com os Estados Unidos é o mais benéfico. Porém, quase 80% dos entrevistados no país avaliam como altamente positiva a integração do país na Área de Livre Comércio das Américas (Alca) o que mostra o grau de abertura do Chile ao comércio internacional.

O diretor-executivo da Ipsos, Clifford Young, afirma que há pelo menos duas explicações para o fato de 40% dos entrevistados brasileiros desconhecerem ou não terem opinião sobre relações comerciais externas.

A primeira diz respeito diretamente à escolaridade do brasileiro inferior à dos outros países que participaram da pesquisa. Em seguida, vem o fato de que relações externas, para os brasileiros, são muito menos importantes do que para os outros países.

"O México, por exemplo, tem cerca de 8,5 milhões de pessoas vivendo nos Estados Unidos. E, até pela experiência do Nafta (acordo de livre comércio da América do Norte), estão mais dispostos a se integrar (65% dos mexicanos querem a integração pela Alca)", afirma Young.

Na pesquisa realizada entre os chilenos, o que chama mais atenção é que 50% deles consideram a promoção do comércio com a Ásia a mais benéfica para o país, ante 8% dos brasileiros, 3,2% dos argentinos e 3% dos mexicanos. "O Chile já está muito desintegrado da América Latina, e os chilenos desenvolvem um comércio muito forte com os asiáticos, baseado em cobre, salmão e uva, a exemplo do que já tem consolidado com os Estados Unidos", ressalta Young.

Concorrência

Já o Brasil, segundo Young, vê a Ásia muito mais como um concorrente do que como uma oportunidade. "A Ásia parece não fazer parte da constelação de países com os quais o Brasil se relaciona. E quem conhece as relações com o país, a vê como inimiga. Do ponto de vista de percepção do brasileiro, os Estados Unidos são muito mais relevantes porque aparecem mais".

Quando se avalia a pesquisa na Argentina, o que chama a atenção é a altíssima (53%) prioridade dada à América Latina, e a menor (7%) atribuída aos Estados Unidos. Pouco menos de 25% dos argentinos entrevistados consideram positivo que seu país se integre ao mercado continental pela Alca.

A pesquisa, cuja amostra é aleatória, foi realizada entre agosto e outubro deste ano. No Brasil, foram ouvidos 1 mil domicílios; na Argentina, 1,2 mil. No Chile, a amostra foi formada por 400 entrevistas. E no México, 1,2 mil.

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