Municípios realizam concurso para redução de perdas na colheita da soja

Independente se a safra da soja é boa ou ruim em produção e preço já virou tradição em alguns municípios paranaense a realização de concursos para operadores de colheitadeiras visando reduzir a quantidade de grãos perdidos na lavoura, durante as operações de colheita. Lançada em 1982 pela Embrapa/Soja e levada ao campo pela Emater, empresa do governo estadual e vinculada à Secretaria da Agricultura, a tecnologia de avaliação, base dos concursos, coloca o Paraná no topo do ranking nacional contra o desperdício, com a média de 1,1 saca por hectare, bem inferior à média de 2,3 sacas de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, obtidas na última safra.

A tecnologia utilizada para avaliar o nível de perdas é simples, garante o agrônomo Nelson Harger, do Projeto Grãos da Emater. Ele descreve que basta o uso de uma armação de barbantes fixados em dois cabos de vassoura nas pontas para demarcar 50cm de largura e toda a extensão da plataforma de corte. Nesta área de amostra da colheita é utilizada a armação na frente da máquina fazendo o retorno da plataforma de corte, e colocada depois na passagem da máquina para avaliação da perda total.

Os grãos coletados dentro da área da armação são colocados no copo medidor que indica de pronto o volume médio das perdas ocorridas no solo. Ao fazer esses procedimentos, o produtor pode interferir de imediato nas operações de colheita e orientar o operador nas regulagens da plataforma de corte, no molinete e na velocidade da máquina – que deve ser em média 6 quilômetros por hectare, independente da marca ou idade ? além dos ajustes nos mecanismos internos da colhedeira, como velocidade do cilindro, abertura de côncavo, peneiras e saca palhas, lembra Harger.

Nesta safra de soja em colheita, o Brasil já enfrenta a perda decorrente da estiagem, em especial nos Estados do Sul, com a redução da expectativa de 64 milhões para 52 milhões de toneladas. O pesquisador Nilton Pereira da Costa, coordenador nacional do Projeto de Redução de Perdas na Colheita, da Embrapa/Soja, destaca que se esta safra fosse normal a projeção nacional de soja deixada no solo durante a colheita seria de 44 milhões de sacas. "Porém, como a planta cresceu pouco, os grãos ficaram menores e a plataforma da máquina tendo dificuldades em colher rente ao chão, é possível que este volume de perdas aumente ainda mais", assegura Costa.

O Paraná que plantou 4,1 milhões de hectares e esperava colher 13 milhões, já registra 16% de perda da estiagem. O Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura estima a colheita desta safra em 10,4 milhões de toneladas, sem incluir neste cálculo as perdas de colheita que na última safra chegaram a média de 1,1 saca por hectare.

Com o trabalho integrado da Emater, Embrapa, prefeituras, cooperativas, empresas de assistência técnica e de insumos agrícolas, é possível reduzir as perdas para abaixo de 0,7 saca por hectare, afirma Harger, alegando que "o agricultor paranaense já está profissionalizado, tem consciência de eliminar o desperdício no campo e espera recuperar a lucratividade, colhendo cuidadosamente esta safra que teve um elevado custo de produção pelo aumento dos insumos e está confiante na subida do preço atual de US$ 12 a saca".

Os municípios de Cambé, Ibiporã e Maringá, considerados tradicionais no uso da estratégia de competição entre os operadores de colhedeiras para difundir a tecnologia de avaliação aos demais produtores de soja, já estão dedicando esforços para realizarem seus concursos de redução das perdas na colheita da soja desta safra 2004/2005.

Cambé, que fez seu primeiro evento competitivo em 1993 e premiou na última safra o operador Sérgio Luiz Favali com uma tevê 29 polegas pela perda de 5,8 kg por hectare, marcou para 17 de junho desde ano a solenidade de encerramento e premiação do seu 12o Concurso, durante a programação da Semana da Agricultura. A 5a edição do concurso de Ibiporã, na safra passada, premiou com uma tevê 20 polegadas o operador Wagner Moreno dentre os 65 participantes, pela perda de 17,4 kg por hectare.

Maringá realizou sua 10a edição na safra passada ampliando a abrangência do concurso com a inclusão de mais 14 municípios, quando participaram 334 operadores e premiou com um zerado trator MF250X o Leandro Marques de Luiz, da Fazenda do Portugueses, em Maringá, pela perda final de apenas 7,9 kg por hectare.

A solenidade festiva de encerramento da 2a edição regional de Maringá promete superar o sucesso anterior, reservando aos operadores campeões prêmios tentadores, dentre eles um trator, plantadeira, motos e cheques de R$1 mil. Graças à ampla cobertura jornalística dos certames, os valiosos prêmios aos operadores vencedores e a organização da assistência técnica local pela integração dos técnicos, o município de Cambira é o mais novo integrante, fazendo nesta safra sua primeira edição.

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