Violência no México faz prefeito mandar família aos EUA

O prefeito de um abastado município no norte do México, cujas inusitadas estratégias contra o crime organizado lhe valeram críticas, disse ontem que a violência piorou tanto na cidade que ele decidiu mandar sua família viver nos Estados Unidos.

O prefeito Mauricio Fernández, de San Pedro Garza García, na periferia da cidade industrial de Monterrey, argumentou que alguns de seus parentes correram risco de ser sequestrados e que ele mesmo já recebeu ameaças. Fernández enviou sua família aos EUA há alguns meses, quando decidiu disputar a prefeitura, e afirma que, mesmo após ganhar o posto, em julho, e de tomar posse em 31 de outubro, não há segurança suficiente para que os parentes voltem ao México.

“É óbvio que quando se enfrenta essas coisas é um risco”, notou Fernández em entrevista. “Agora minha família está fora, nos Estados Unidos e por enquanto não estão seguras as coisas para que eles possam regressar”, afirmou. “Uma filha minha sofreu uma tentativa de sequestro há dois anos”, lembrou. “Então, vivi na pele esses problemas”, acrescentou, sem descrever as ameaças já recebidas.

Fernández afirmou que prosseguirá com seus planos para criar uma rede de inteligência com mil pessoas, entre particulares e policiais, para que informem sobre as atividades do crime organizado. “Estamos criando um grupo de gente, ou de inteligência, ou de informação de cerca de mil pessoas”, explicou. “Quinhentos serão cidadãos, é uma rede cidadã. Também toda a polícia e os agentes de trânsito são outro desses grupos de 500 que serão capacitados para processar informação com a meta de prevenção do delito.”

“Limpeza”

No início do ano, Fernández chegou a dizer que tinha intenção de formar um grupo que faria “o trabalho duro, eu os chamo de ‘limpeza'”. No início deste mês, foi questionado sobre esses grupos e chegou a dizer que eles poderiam operar fora da lei. Já ontem, disse que os novos grupos operarão apenas nos limites legais. O plano de Fernández contra a violência tem um orçamento de 600 milhões de pesos (US$ 46 milhões) e inclui vigilância aérea e 1.500 câmeras conectadas a um centro de controle da polícia.

Fernández, que já foi prefeito de San Pedro Garza García entre 1989 e 1991, disse que sua estratégia já produz resultados. “O crime organizado pedia suborno (a discotecas), pois agora não estão pedindo, então aparentemente todas essas medidas estão funcionando”, considerou.

Apesar disso, ele evitou falar do fato de aparentemente ter sabido antes sobre a morte de um sequestrador que supostamente o ameaçou, em outubro. Em sua mensagem de 31 de outubro, o prefeito anunciou que o sequestrador havia sido morto, horas antes de o cadáver ser encontrado. Fernández disse estar cansado de tratar desse assunto e que encerraria a entrevista se ele voltasse à pauta. O prefeito já foi questionado recentemente por promotores federais que investigam o caso.