Um lapso

Faz mais de 45 anos que chegaram aqui alguns músicos provenientes do Rio de Janeiro e que se juntaram a outros de São Paulo e do Paraná para prestarem concurso com a finalidade de ingresso na Banda de Música da Aeronáutica, que ia ser formada. No mesmo avião, se não me engano da Empresa Aérea Cruzeiro do Sul, estavam o Geraldo, o Hildofredo, o Brito, o Ari Silva mais conhecido como “Figo Seco” e eu. Com exceção do Ari Silva que passou no exame de música mas foi reprovado no exame médico, os demais passaram em tudo. Conquanto não tenha logrado êxito no teste de saúde, ficou entre nós, que convivemos com ele, “Figo Seco”, as lembranças da sua genialidade musical, lembranças que esta crônica pretende reviver, é claro, não em sua totalidade.

Efetivamente, além de ser uma figura extraordinária, ele era um músico altamente diversificado. Compositor e arranjador, tocava piano e pistom, instrumento também conhecido por trompete ou trumpete. Uma das suas composições e arranjo chama-se Figolândia, que era constantemente executada pela Orquestra 14 Bis, da base aérea, e pelo Conjunto Cinelândia, que tinha como sopros o Geraldo, o Brito e o Mourinha. A música Implorar, de vários autores, foi também instrumentada pelo “Figo”, e fazia parte dos repertórios dos já citados conjunto e orquestra. Assim, causou-me estranheza o fato de constar da relação de músicas do CD Saul Trumpet a obra Figolândia como sendo de autoria de quem tem o disco gravado. Acredito, no entanto, que houve um lapso, considerando que o Saul é uma pessoa correta e não iria, de forma alguma, apossar-se daquilo que não lhe pertence, sujeitando-se a um processo criminal e a uma ação cível por perdas e danos, promovidos pelos familiares do verdadeiro autor do trabalho. Para que não restem dúvidas sobre a honestidade desse atuante músico paranaense, acredito que esse lapso vá ser corrigido.

Dario Livino Torres

é trombonista, magistrado aposentado e membro do Centro de Letras do Paraná.

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