TV síria mostra jovem que a Anistia disse estar morta

Uma jovem mulher que alega ser Zanaib al-Hosni apareceu nesta quarta-feira na televisão estatal da Síria, negando informações difundidas pela Anistia Internacional (AI) e pela oposição síria, de que ela teria sido esfolada e decapitada pelas forças de segurança. Zanaib, de 18 anos, disse que fugiu de casa no final de julho porque era abusada pelos irmãos. Segundo ela, sua família não conhecia seu paradeiro. Ela pediu à mãe na entrevista para voltar para casa.

No mês passado, a Anistia Internacional, grupo de defesa dos direitos humanos sediado em Londres, publicou no seu website que a mãe de Zanaib encontrou o corpo desmembrado da jovem de 18 anos em uma delegacia, onde foi após receber um telefonema de policiais para que fosse resgatar o corpo do seu filho, um oposicionista que também teria sido preso. A polícia teria detido, torturado e decapitado Zanaib antes de prender o irmão, para supostamente forçá-lo a se entregar.

“Eu estou muito bem viva e optei por dizer a verdade porque eu planejo me casar um dia e ter filhos”, disse a jovem identificada como Zanaib al-Hosni pela televisão estatal síria. Zanaib afirma que decidiu falar após ter escutado na televisão que ela teria sido presa e decapitada. A aparência da jovem, que vestia um lenço negro cobrindo os cabelos, é parecida com as de fotografias levadas por manifestantes a passeatas contra o presidente Bashar Assad.

A Anistia Internacional emitiu um comunicado após a televisão síria ter exibido a entrevista com Zanaib, levantando questões sobre as informações que o grupo recebeu dos ativistas sírios e que levaram à sua matéria inicial sobre o esfolamento e decapitação da jovem. “Nós assistimos à entrevista que foi exibida pela televisão síria sugerindo que Zanaib al-Hosni está viva. Nós estamos investigando isso e trabalhando com fontes confiáveis na Síria”, disse Anistia.

Segundo o grupo, as informações iniciais partiram de fontes próximas ao caso, que passaram ao grupo o vídeo de um corpo desmembrado. O comunicado vai além: “Se o corpo não era o de Zanaib al-Hosni, então claramente as autoridades sírias precisam revelar de quem era, as causas e circunstâncias da morte, e porque a família de Zanaib al-Hosni foi informada que ela tinha sido morta”.

A Anistia levantou a possibilidade de o governo sírio ter plantado a história, possivelmente numa tentativa de desacreditar a mídia e os grupos de defesa dos direitos humanos.

A revolta popular contra o regime de Assad começou em meados de março e cerca de 3 mil pessoas foram mortas. O governo síria culpa uma conspiração estrangeira contra o país pela revolta e acusa a mídia internacional de ser mentirosa.

As informações são da Associated Press.

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