Temas polêmicos devem entrar na pauta de cúpula do Mercosul

Montevidéu (Uruguai) – Além dos assuntos previstos na agenda oficial da Cúpula de Chefes de Estados do Mercosul, nos próximos dias devem entrar  temas polêmicos envolvendo os países do bloco.

Um deles deve ser o conflito entre Uruguai e Argentina por causa da construção de uma fábrica de papel da empresa finlandesa Botnia na margem uruguaia do Rio Uruguai, que divide os dois países.

O governo argentino afirma que o país vizinho violou acordos internacionais que regulam a exploração do rio. Também alega que a fábrica ameaça o meio ambiente.

O Uruguai se defende justificando que os projetos seguem os padrões internacionais e vão proporcionar empregos e investimentos na região.

O conflito vem sendo mediado pelo governo espanhol e aguarda decisão da Corte Internacional de Haia, órgão judiciário das Nações Unidas. Enquanto isso, seguem bloqueadas as pontes entre os dois países.

No mês passado, durante a 17ª Cúpula Ibero-americana, esperava-se que o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, e o então presidente argentino, Néstor Kirchner, buscassem um entendimento, mas o assunto se limitou à troca de farpas nos discursos de ambos.

Na semana passada, dias antes de se despedir da presidência argentina, Kirchner fez duras críticas a Tabaré por ter decidido sobre a construção da fábrica sem consultar o governo argentino – tratados internacionais determinam que projetos referentes ao rio fronteiriço devem ser tratados pelos dois países.

Ao assumir a presidência da Argentina, na última segunda-feira (10), Cristina Kirchner deu seqüência aos ataques. Horas depois, o uruguaio decidiu não participar do jantar de gala oferecido por Cristina aos chefes de Estado presentes à posse, dentre eles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No Uruguai, há expectativa quanto a uma possível resposta de Tabaré durante a Cúpula de Chefes de Estado, que começa na próxima terça-feira. Na ocasião, o uruguaio transmitirá a Presidência Pro-Tempore do bloco à Cristina Kirchner.

A polêmica inclui o Brasil, uma vez que o país se recusou a intermediar o conflito – solicitação feita pelo Uruguai ao governo brasileiro. Hoje, o próprio governo brasileiro admite que o conflito pode atrasar o calendário de integração do Mercosul.

Outro assunto polêmico que envolve o Brasil é a recente decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a importação de pneus remoldados.

O organismo internacional autoriza o Brasil a manter a proibição da entrada de pneus europeus reformados no país desde que também sejam suspensas as importações deste tipo de produto dos países do Mercosul.

Paraguai e Uruguai dependem dessas importações brasileiras e já manifestaram insatisfação com as cotas de importacão fixadas pelo governo brasileiro.

O Paraguai pretendia, inclusive, apresentar queixa formal na cúpula sobre as cotas. Agora, tanto o Uruguai quanto o Paraguai já anunciam o possível fechamento de fábricas de recauchutagem devido às novas restrições.

Ao anunciar a decisão da OMC, no começo deste mês, governo brasileiro informou que pretende debater alternativas com os demais países do bloco.

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