Sociedade Protetora dos Animais pede socorro

Uma das principais entidades de defesa animal da capital paranaense, a organização não governamental Sociedade Protetora dos Animais está passando por sérias dificuldades. O local, que abriga cães e gatos abandonados, há anos vem pedindo socorro. Há carência de rações, voluntários dispostos a trabalhar, produtos de higiene, medicamentos e recursos financeiros para pagar aluguel, luz, água, telefone e outras despesas.

A sociedade surgiu em fevereiro do ano de 1970, sob iniciativa de um grupo de senhoras apaixonadas por bichos, que se deram conta de que Curitiba não tinha nenhuma entidade voltada à proteção dos direitos dos animais domésticos. No início, a instituição possuía apenas um escritório que fornecia orientações jurídicas. Em 1972, começou a ser oferecido atendimento veterinário e uma série de animais passaram a ser abandonados na porta da clínica.

"As pessoas abandonavam os animais e, como não tínhamos o que fazer com eles, acabávamos recolhendo-os e tratando-os. Conseguíamos apenas que uma minoria fosse adotada, pois a grande maioria dos cães e gatos deixados em nossa porta não tinham raça definida, e estavam em péssimas condições de saúde, sendo vítimas de uma série de doenças e acidentes, como atropelamentos", lembra a presidente voluntária da sociedade, Enide Bernardo.

De 1972 para cá, a situação da entidade não mudou e pode-se dizer até que piorou. Os animais continuam sendo abandonados e a sociedade não tem mais capacidade para recolhê-los, pois atualmente mantém cerca de 700 cães e gatos em uma propriedade que não chega a 2 mil metros quadrados, localizada no bairro Santa Cândida. "Pela propriedade, pagamos R$ 1.830,00 de aluguel a cada mês. De ração, os animais consomem entre 250 e 300 kg diariamente. Só isto já nos deixa quebrados, sem contar os cheques sem fundo que a clínica veterinária que mantemos recebe periodicamente e nos fazem ter problemas ainda maiores", reclama a trabalhadora voluntária Sula Galiano Brackmann.

A expectativa é de que, ainda este ano, a sociedade transfira sua sede para uma área de cerca de 13 mil metros quadrados presente no município de Colombo, na Região Metropolitana da capital. A propriedade está sendo adquirida com recursos da própria presidente Enide, que vendeu bens de família para poder comprar um local onde os animais possam ser melhor alojados. Porém, Sula acredita que a transferência não vai fazer com que os bichos deixem de ser abandonados e maltratados. "A falta de consciência das pessoas é muito grande. Tem gente que acha que gato e cachorro são bichinhos de pelúcia ou brinquedos de criança, podendo ser abandonados sem ficar tristes, sentir fome, dor ou frio".

A voluntária revela que são diversos os motivos que levam as pessoas a abandonarem os animais, mas que o problema poderia ser evitado se os proprietários pensassem duas vezes no momento de adquirí-los. "As pessoas compram os animais pequenos e, depois de um tempo, quando eles começam a crescer e gerar despesas financeiras, não os querem mais. Na hora de pegar um cão, gato ou qualquer outro animal, deve-se ter consciência dos gastos, de que o bicho precisará de cuidados quando a família sair de férias, e de que é necessária assistência veterinária, que também não é de graça".

Outros motivos que levam ao abandono são mudança de casa para apartamento e o nascimento de crianças (quando recém-casados pegam animais e depois que têm o primeiro filho passam a acreditar que a casa já não tem mais espaço para os bichos ou que os mesmos podem gerar algum mal à criança).

Interessados em adoção podem entrar em contato

Todos os animais mantidos pela sociedade estão disponíveis para adoção. No local, é possível encontrar tanto cães e gatos adultos quanto filhotes, geralmente provenientes de ninhadas inteiras deixadas dentro de caixas de papelão na frente da entidade.

A grande maioria dos bichinhos não possuem raça definida, sendo popularmente conhecidos como vira-latas. Porém, a voluntária Sula garante que a falta de classificação dentro de uma raça ou mesmo de pedigree não faz com que os animais sejam menos dóceis ou necessitados de carinho e atenção. "Os cães e gatos são ótimos amigos e companheiros independente de raça. Muitas vezes, pessoas conscientes disso até preferem os vira-latas por considerá-los mais espertos e resistentes a doenças", diz. "Outra vantagem é que enquanto os bichos de raça custam verdadeiras fortunas em feiras de animais, os sem raça definida podem ser adquiridos sem custo algum".

Apesar de considerar os chamados vira-latas mais resistentes, Sula alerta que eles também geram despesas financeiras e necessitam de atenção dos proprietários, não podendo ser adquiridos e simplesmente largados à própria sorte no fundo do quintal. Como os poodles, pintchers, pastores, dálmatas e representantes de outras raças, eles precisam de comida, banho e vacinas. Alguns vira-latas de pêlo longo chegam até a necessitar de tosa periódica em períodos de muito calor.

"Por tudo isso, conversamos bastante com as pessoas que mostram interesse em adotar nossos animais, e procuramos fazer com que elas mesmas avaliem se têm condições de criá-los. Se a pessoa estiver consciente, só precisa escolher o bichinho de sua preferência, que com certeza irá lhe proporcionar muitos bons momentos e alegrias".

Para adotar um animal, os interessados devem entrar em contato com a sociedade através do telefone (41) 3256-8211. É preciso ir até o local para a escolha do cão ou gato e preencher um termo de responsabilidade, se comprometendo a bem tratar o animal e não abandoná-lo. (CV)

Atendimento veterinário garante alguns recursos

A melhor forma de ajudar a sociedade, é não abandonar animais na porta da entidade, nem nas ruas de Curitiba. Porém, também é possível contribuir com a instituição utilizando a clínica veterinária mantida pela mesma, sendo que parte do valor pago pelos atendimentos é utilizado para compra de rações.

No local, são aplicadas vacinas, realizadas consultas, cirurgias e castrações. Por tudo são cobrados valores inferiores do que os encontrados em clínicas e consultórios convencionais. "Quando a pessoa opta em trazer seu animalzinho à clínica da Sociedade Protetora dos Animais, além de ajudar a instituição acaba economizando o próprio dinheiro", comenta Sula.

Enquanto em clínicas convencionais as consultas veterinárias custam, em média, R$ 47,00, na sociedade custam R$ 25,00. Já a vacina déctupla, para cães, de R$ 50,00 sai por R$ 30,00. A quádrupla felina de R$ 47,00 é vendida por R$ 28,00 e a anti-rábica de R$ 28,00 por R$ 15,00.

As cirurgias de castração custam de R$ 85,00 a R$ 200,00, dependendo do sexo e do porte do animal. Em clínicas convencionais, variam de R$ 126,00 a R$ 502, também dependendo de sexo e porte. A clínica da Sociedade funciona das 9h às 21h, de segunda a sexta-feira. Das 9 às 18 horas nos sábados e das 9 às 15 horas nos domingos.

Cliente

Na última semana, pela primeira vez, a estudante Vanessa Regina Otto levou seu cãozinho Rico, uma mistura de boxer e fila, à clínica da sociedade. Apesar de ficar impressionada com a quantidade de animais que encontrou abandonados no lugar, ela diz que vale a pena ajudar. "Eu não conhecia a sociedade muito bem e vim atraída pelos baixos preços. Porém, pretendo voltar outras vezes não só para economizar, mas também para ajudar. Fui muito bem atendida".

Contribuição

Outras formas de ajudar a Sociedade são através de doações e participação nos bingos beneficentes promovidos periodicamente pela entidade. No que diz respeito às doações, são bem-vindas rações, produtos de higiene, jornais, papelão, baldes e vassouras. Quanto aos bingos, eles costumam acontecer uma vez a cada mês. O próximo deve ser realizado no dia 19 (domingo), das 15h às 18h, no clube Dom Pedro II, localizado na Rua Brigadeiro Franco, em Curitiba. O valor arrecadado com a venda de cartelas (R$ 3,00 uma ou R$ 5,00 duas) é todo destinado à compra de rações.

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