Pyongyang rompe pacto de não agressão com Seul

A Coreia do Norte anunciou hoje que desistiu de um pacto destinado a evitar confrontos armados com a Coreia do Sul na fronteira comum. O governo de Pyongyang também advertiu sobre um ataque imediato, caso Seul viole a disputada fronteira marítima do Mar Amarelo. Repetiu ainda as ameaças de fechar um projeto industrial comum. A península coreana vive um momento de tensão, após o naufrágio de um navio sul-coreano em março. Seul acusa o vizinho pelo naufrágio.

Em outro ponto do Mar Amarelo, a Coreia do Sul realizou um exercício a fim de evitar ataques com submarinos. É a primeira demonstração de força de Seul desde que o governo sul-coreano acusou publicamente Pyongyang de naufragar um navio de Seul em 26 de março. O naufrágio matou 46 pessoas, mas os norte-coreanos negam responsabilidade no caso. Na capital sul-coreana, cerca de dez mil manifestantes gritaram “Matem nosso inimigo”, em um protesto contra o vizinho.

Investigadores de cinco países disseram na semana passada que há provas fartas de que um ataque com um torpedo realizado por um submarino norte-coreano afundou o navio Cheonan, perto da fronteira marítima entre os dois países. Seul anunciou uma série de represálias, incluindo a paralisação do comércio bilateral. Pyongyang reagiu com uma retórica dura e anunciou que está cortando todos os laços com o vizinho.

Houve confrontos com mortes na fronteira em 1999 e 2002, além de um tiroteio em novembro passado. Os militares sul-coreanos acreditam que o naufrágio do navio foi uma vingança por esse tiroteio recente.

Bloqueio

O Exército da Coreia do Norte anunciou que estava desistindo de salvaguardas militares para os sul-coreanos que cruzarem a fronteira. Além disso, pretende considerar um bloqueio completo do acesso ao complexo industrial conjunto de Kaesong, que fica na parte norte-coreana da fronteira. Também repetiu a ameaça de atacar alto-falantes, se Seul mantiver seu plano de transmitir propaganda contra o regime do vizinho.

Cerca de 42 mil norte-coreanos trabalham em 110 fábricas sul-coreanas em Kaesong. O complexo foi desenvolvido como um símbolo da reconciliação. Um porta-voz do Ministério da Unificação disse que Seul está esperando para ver a atitude da Coreia do Norte sobre Kaesong.

A Coreia do Sul e os Estados Unidos lançaram uma campanha diplomática para punir Pyongyang com sanções no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). A China, que tem interesses econômicos na Coreia do Norte, até agora não tem apoiado esse tipo de censura. A Rússia, que junto com Pequim e Washington é um membro permanente e com poder de veto no CS, disse que enviaria especialistas a Seul para analisar as conclusões sobre o naufrágio. Pyongyang afirma que os sul-coreanos fraudaram provas sobre sua suposta participação. As informações são da Dow Jones.