Forças de segurança dispararam contra pessoas reunidas em duas manifestações pró-democracia realizadas no Iêmen neste sábado (12). Dois ativistas foram mortos, segundo testemunhas. A violência começou na madrugada local, momentos antes de a manifestação iniciar na praça central da capital, Sanaa, onde milhares de iemenitas estão acampados há um mês, exigindo a saída do presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos.
Médicos e testemunhas relataram que as tropas de segurança cercaram a praça com viaturas e veículos blindados pouco depois da meia noite. Por meio de alto-falantes, exigiam que os manifestantes voltassem para casa. Por volta das 5 horas da manhã do horário local, os soldados invadiram a praça, lançaram bombas de gás lacrimogêneo e atiraram. Um dos manifestantes foi atingido na cabeça e morreu.
Abdelwahed al-Juneid, um médico voluntário que trabalha com os opositores do regime, disse que cerca de 250 pessoas ficaram feridas. “Estávamos realizando orações da manhã, quando fomos surpreendidos por uma chuva repentina de balas e gás lacrimogêneo”, disse Walid Hassan, um ativista de 25 anos de idade. “Manifestantes começaram a atirar pedras nas forças de segurança. Foi o casos, um verdadeiro campo de batalha.”
Na cidade portuária de Mukalla, na província sudeste de Hadramout, um estudante de 15 anos de idade foi morto a tiros quando as tropas de segurança abriram fogo contra os manifestantes. Na província de Taiz, sul do Iêmen, doze pessoas ficaram feridas em um episódio de violência similar aos demais.
O presidente do Iêmen parece ser um dos líderes árabes mais ameaçados pela instabilidade na região, inspirada pelas revoltas pró-democracia no Egito e na Tunísia. Os manifestantes exigem emprego e maior liberdade política. Ali Abdullah Saleh tentou acalmar os ânimos, propondo a criação de nova constituição que garanta a independência do parlamento e do judiciário, propostas rejeitadas pelos ativistas.
A manifestação deste sábado na praça central de Sanaa ocorreu um dia depois do maior protesto das últimas semanas no país, em que os ativistas foram recebidos a tiros pela polícia em várias localidades. Pelo menos seis pessoas ficaram feridas. Ontem, centenas de milhares de manifestantes se reuniram nas quatro províncias do Iêmen, rasgando e queimando retratos Saleh. Na capital, milhares de mulheres participaram dos protestos, um movimento surpreendente em uma sociedade profundamente tribal, onde manifestações femininas são reprimidas.