Papa viaja para uma Espanha cada vez menos católica

O papa Bento XVI viaja neste fim de semana para a Espanha, que se foi no passado uma nação católica devota, hoje mostra-se um dos países mais liberais da Europa. A visita é parte de uma campanha do Vaticano para tentar que o continente cada vez mais secular retome suas raízes católicas, mas o pontífice enfrenta um forte desafio, em uma Espanha que passou por uma notável transformação social em poucos anos, com leis permitindo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, facilitando o divórcio e também os abortos.

As mudanças são as mais recentes, e talvez as mais notáveis, na transformação produzida na Espanha após a ditadura de direita do general Francisco Franco, que morreu em 1975. Após restrições sociais e políticas rígidas, houve uma valorização do prazer individual em meio a um clima de vigor cultural, afastando a sociedade espanhola de sua tradição religiosa.

A situação alarmou o Vaticano, que recorda uma época não tão distante em que todas as aulas nas escolas públicas espanholas tinham um retrato de Franco e um crucifixo pregados na parede. Para muitos espanhóis liberais, porém, a associação da Igreja com o regime de Franco é em grande parte a causa do afastamento. “Esta é sem dúvida a Espanha menos católica da história, e os dados demográficos sugerem que seguirá sendo cada vez menos”, comentou o sociólogo Kerman Calvo sobre a nação que receberá amanhã o pontífice para uma visita de dois dias.

Bento XVI começará seu giro por Santiago de Compostela, uma cidade onde há séculos ocorrem peregrinações religiosas. A viagem se encerra no próximo domingo, em Barcelona, onde o papa consagrará parte da Igreja da Sagrada Família, maravilha arquitetônica incompleta projetada por Antoni Gaudí.

Menos de 48 horas antes da chegada do líder religioso, a polícia interveio na noite de ontem para conter uma manifestação contra a visita do papa em Santiago de Compostela. Alguns manifestantes estavam com cartazes dizendo “Não estou te esperando”. Em Barcelona, centenas de pessoas fizeram uma manifestação noturna pacífica para protestar por uma série de motivos, desde o custo da visita até os escândalos de abusos de menores cometidos por religiosos. As informações são da Associated Press.

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