Papa pede que preconceitos sejam deixados de lado em Sínodo da Família

O papa Francisco declarou nesta segunda-feira no Sínodo da Família que é preciso deixar de lado preconceitos pessoais e ter coragem e humildade para ser guiado pelas “surpresas” de Deus. Em seu discurso de boas-vindas, o pontífice repetiu o que disse no sermão de domingo, no qual afirmou que a lei da Igreja não pode se tornar um impedimento à sua missão de misericórdia.

Iniciado nesta segunda-feira, o Sínodo da Família reúne 270 bispos, cardeais e padres do mundo inteiro durante três semanas para discutir como a Igreja Católica pode cuidar melhor das famílias.

Com famílias cada vez mais diversas, os números de uniões civis aumentando e os de casamento caindo, os líderes religiosos debatem temas como de que maneira a Igreja pode receber gays, divorciados e pessoas que se casaram novamente no civil. Francisco disse que o sínodo é um lugar sagrado onde Deus aponta o caminho para o bem da Igreja, e não um parlamento onde compromissos ou negociações acontecem.

Enquanto conservadores insistem em reafirmar a doutrina da igreja sobre a insolubilidade do casamento e a impossibilidade de divorciados receberem a comunhão sem que a união religiosa tenha sido anulada, progressistas procuram uma abordagem mais piedosa sobre problemas da família, incluindo a discussão sobre se aqueles que se casaram novamente no civil podem receber os sacramentos.

Os católicos que se divorciaram e desejam casar novamente devem anular o matrimônio perante um tribunal religioso para ter sua segunda união reconhecida pela Igreja. Caso o primeiro casamento não seja considerado inválido, aqueles que recasam são considerados adúlteros e não podem comungar, condição que faz com que parte dos devotos se sintam afastados pela Igreja. Alguns progressistas liderados pelo cardeal alemão Walter Kasper sugerem que os recasados poderiam ser acompanhados por um bispo em um caminho de penitência em que, dependendo do caso e com o tempo, poderia levá-los aos sacramentos.

O papa afirmou que os bispos precisarão de coragem, humildade e orações durante as próximas três semanas de sínodo. Segundo ele, a coragem é necessária uma vez que as atitudes da Igreja “apesar de bem-intencionadas, podem distanciar as pessoas de Deus”. Ainda segundo ele, é preciso humildade para estender a mão para ajudar e sem se sentir superior.

Apesar do pedido de Francisco por um debate livre e aberto, o cardeal húngaro Peter Erdo, um dos organizadores do sínodo, deixou claro que não há muito o que discutir sobre o tema dos divorciados, já que os ensinamentos da Igreja são claros quanto à proibição dos sacramentos.

Recentemente, uma lei aprovada pelo papa facilitou o processo para que católicos consigam anular seus matrimônios, o que foi criticado pela corrente conservadora. Para o cardeal Andre Vingt-Trois, o novo processo de anulação é uma iniciativa “preciosa”.

Em seu discurso de abertura sobre os temas principais do sínodo, Erdo deixou claro que a comunhão para os católicos que casaram novamente no civil é efetivamente impossível, a menos que eles se abstenham de relações sexuais, como os ensinamentos da Igreja ditam. Mesmo assim, ele permite progressos. “O sínodo começou hoje. Não temos respostas para todas as perguntas”. Fonte: Associated Press.

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