Ocidente supervaloriza poder de Bin Laden, diz ex-aliado

Hassan al-Turabi, que nos anos 90 deu abrigo a Osama Bin Laden, disse que o chefe da Al-Qaeda não tem, entre os islâmicos, o poder imaginado pelo Ocidente. Turabi, também conhecido como o Papa do Terrorismo, convidou Bin Laden a vir ao Sudão e recebeu o terrorista assim que ele desembarcou em Cartum, em 1992, antes de ser expulso do país.

Citado pela comissão dos EUA que investigou o 11 de Setembro como "o homem que formou Bin Laden", Turabi desdenha a importância atual de seu "pupilo" no mundo islâmico. "Eu dou muita risada quando vejo que o Ocidente considera Bin Laden o inimigo número 1 do mundo", disse Turabi, em sua casa em Cartum, capital do Sudão. "Ele não tem esse poder que o Ocidente acha que ele tem. Acham que Bin Laden é uma espécie de Che Guevara dos militantes islâmicos. Mas ele não é nada disso.

Turabi, que integrou o gabinete do presidente Omar Bashir após apoiá-lo no golpe que o levou ao poder em 1989, mas rompeu com o chefe de Estado em 1999, garante que a atuação de Bin Laden no país foi apenas comercial. "Aqui, ele construiu estradas, fez pesquisas agrícolas. A família Bin Laden tem grandes negócios." O interesse na fortuna de Bin Laden era o que movia Cartum a permitir sua presença, afirma Turabi, que diz não ter idéia do paradeiro do terrorista. "Intelectualmente, Bin Laden não tinha nada de especial. Mas era um homem gentil. Tínhamos uma relação muito boa.

O governo sudanês também garante que Bin Laden foi "apenas um investidor" no país. "Foi nessa condição que ele viveu aqui", afirmou Rabbie Abdel Atti, conselheiro do governo para Informação. Entre as obras financiadas pelo terrorista está uma rodovia que liga a capital ao Mar Vermelho e é conhecida como "Estrada Bin Laden". As boas relações entre o governo e Bin Laden terminaram em 1996.

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