Escolher um cão não é uma tarefa fácil. A chegada do animal em uma casa ou apartamento exige planejamento por parte dos moradores. Um bichinho comprado por impulso ou com características não adequadas ao perfil da família pode gerar uma série de transtornos.
?As pessoas compram um filhote porque o acham bonitinho. Quando o animal cresce, não conseguem criá-lo e acabam o doando para amigos, familiares e empregados. Muitas vezes, quem ficou com o cão também não tem condições para mantê-lo e o bicho acaba indo parar na rua, em total estado de abandono?, conta o vice-presidente da regional paranaense da Associação de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa), Zorba Mestre Dallalana.
Autor do audiolivro Dr. Dog, lançado justamente com o objetivo de auxiliar as pessoas na escolha de seus cães, Zorba esclarece que uma decisão bem pensada vai ao encontro do conceito de posse responsável. De acordo com ele, antes da compra do bichinho, as pessoas devem analisar o perfil de suas famílias. ?O primeiro passo é fazer um levantamento de quantas pessoas vivem na casa, se há idosos e crianças pequenas.?
Para conviver com idosos, o melhor é escolher cães mais quietos, que tenham comportamento tranqüilo. Já em relação a crianças, o animal pode variar conforme a idade das mesmas. Zorba aconselha que cães não sejam dados a crianças com menos de três anos, pois até esta idade meninos e meninas podem, sem intenção, machucar os animais. ?O melhor é que crianças pequenas tenham animais que não possam tocar, como peixes e hamsters, por exemplo.?
Dos três aos cinco anos, a convivência com cachorros já é bastante indicada, contribuindo com o desenvolvimento da afetividade e da responsabilidade. Porém, as brincadeiras e atividades realizadas com o animal devem ser sempre supervisionadas por um adulto. ?Pessoas que não têm família ou vivem sozinhas também devem pensar muito antes de adquirir um cão. Para elas, o mais recomendado costumam ser os gatos, pois os felinos geralmente são mais independentes e não se estressam tanto quando ficam sozinhos.?
O segundo passo é avaliar o espaço que se tem disponível para o animal, definindo assim o porte do mesmo. Em apartamento, o melhor é que sejam mantidos cachorros pequenos. Já os cães de tamanho grande são ideais para quem tem casa com quintal amplo. Este tipo de análise contribui com a qualidade de vida e com o bem-estar do bichinho.
Orçamento
Após todas as avaliações anteriores, o orçamento da família é uma das coisas mais importantes a serem consideradas, sendo decisivo para a compra ou não de um animal. ?As pessoas não podem esquecer que um cão gera despesas. Com ele em casa, elas vão ter que gastar com ração, vacinas, vermífugos, banhos e consultas veterinárias. Um cachorro de 10 quilos, por exemplo, gera despesas anuais de R$ 1 mil a R$ 1, 5 mil com manutenção.?
Não adquira filhotes em feiras, diz Zorba
Um capítulo inteiro de Dr. Dog fala sobre onde comprar cães de guarda e de estimação. Segundo Zorba, após escolhida a raça, o futuro proprietário deve procurar um médico veterinário de confiança e com ele obter o contato de bons criadores. Outra dica é visitar feiras de animais. Porém, o autor não recomenda que o bichinho seja adquirido na própria exposição.
?Nas feiras, apesar de haver a supervisão de veterinários e de os bichos serem mantidos em condições ideais de higiene, os cães geralmente ficam um pouco estressados, o que os torna mais suscetíveis à aquisição de doenças. O melhor é pegar o cartão dos expositores e depois visitar as criações para escolha do animal.?
Nos locais de criação, os compradores devem observar o silêncio, percebendo se não há animais chorando ou que de qualquer outra forma demonstrem sofrimento; a higiene das instalações, dos proprietários e dos funcionários; o modo como os animais são tratados (o ideal é que os cães sejam tratados como bichos de estimação e não simplesmente encarados como produtos colocados à venda); e os pais do cachorro a ser adquirido.
?Ao visitar o local onde os cães são criados, a pessoa pode experimentar um pouco da realidade que vai enfrentar depois que os animais forem levados para casa. Por isso, as visitas são bastante recomendadas?, comenta Zorba.
Os conselhos evitam desilusões, como a compra de um animal doente que possa vir a dar grandes despesas financeiras ou mesmo morrer, ou a aquisição de um cão que vai crescer além do esperado e acabar gerando problemas.
Dr. Cat
A exemplo de Dr. Dog, no segundo semestre deste ano deve ser lançado o audiolivro Dr. Cat. A obra também vai ter um capítulo sobre posse responsável, mas a idéia é de que sejam abordados principalmente fatores ligados ao comportamento natural dos gatos.
Nos capítulos, será explicado por que os gatos são tão diferentes dos cães; dadas dicas de higiene, como uso correto da caixinha de areia; e ensinadas brincadeiras e formas de condicionamento, como por exemplo sobre a melhor forma de fazer com que os felinos, tidos como animais de hábitos noturnos, durmam à noite.
