Mágoa entre Japão e China está encerrada, diz Hu Jintao

Seguido por manifestantes pró-Tibete, o presidente da China, Hu Jintao, seguiu nesta quinta-feira (8) em sua visita com a missão principal de melhorar a relação com o Japão. Ele declarou que as mágoas históricas entre as nações estão encerradas, antes de desafiar uma campeã de pingue-pongue japonesa para alguns lances. Hu manteve-se em sua postura confortável, amigável com ex-primeiros-ministros no café da manhã e envolvente durante uma palestra à tarde, na qual tratou de uma nova era de parceria entre Pequim e Tóquio em negócios, ambiente e desenvolvimento regional.

"Os dois países devem ser parceiros, não competidores", disse ele. "O crescimento de um pode ser para o outro uma oportunidade e não uma ameaça", avaliou, provavelmente referindo-se ao expressivo crescimento chinês nos últimos anos. Depois do discurso, Hu retirou seus óculos e o paletó para disputar alguns pontos no tênis de mesa com a estrela japonesa Ai Fukuhara. O líder chinês marcou vários pontos, enquanto sorria para as câmeras, observado pelo primeiro-ministro, Yasuo Fukuda. "Estou feliz por não ter enfrentado ele", disse Fukuda. "Ele é um jogador muito estratégico.

O líder chinês, porém, não ficou em nenhum momento distante da tensão que envolvia a visita.

Uma ausência notada durante o café da manhã foi a do ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi, que enfureceu a China durante seu mandato (2001-2006), por visitar o Santuário Yasukuni. O local homenageia os japoneses mortos na Segunda Guerra. Para o governo chinês, as visitas de líderes japoneses ao local são uma ofensa às vítimas asiáticas da guerra – no santuário há homenagens também a criminosos condenados.

Na Universidade At Waseda, manifestantes criticaram a repressão chinesa após os protestos no Tibete, em março. Hu foi chefe do Partido Comunista na região durante as décadas de 1980 e 1990, o que foi lembrado pelos críticos – ele é acusado de reprimir violentamente protestos no período.

Durante sua palestra na universidade, Hu afirmou que era importante lembrar a história dos dois países, "mas isso não significa que nós devemos guardar mágoas". A declaração foi considerada importante. Pequim em vários momentos acusou Tóquio por seu excessivo militarismo durante as guerras.

Hu não tratou do tema dos protestos contra a atuação chinesa em relação ao Tibete. Mas o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Qin Gang, minimizou o tema. Segundo ele, não é um "pequeno grupo de pessoas" que irá impedir o Japão e a China de tornarem-se aliados mais próximos. A visita de cinco dias de Hu tem sido considerada positiva para melhorar as relações bilaterais. Ele chegou na terça-feira ao Japão, na primeira visita de um presidente chinês ao país em dez anos.

Na quarta-feira (7), houve um encontro formal entre Hu e Fukuda. Os dois discutiram vários assuntos, de mudanças climáticas à Coréia do Norte, passando por disputas territoriais. Fukuda afirmou que havia um entendimento sobre uma disputa por depósitos de gás, mas não deu detalhes. Também foi anunciado que Tóquio e Pequim manterão encontros anuais, para evitar o distanciamento recente.

O principal mote da viagem foi o bom clima entre os líderes. O acordo mais concreto foi sobre pandas. Hu ofereceu um casal de ursos ao Japão após a morte, na semana passada, de Ling Ling, o panda gigante que era um astro do maior zoológico de Tóquio. A determinação dos dois lados para enfatizar os pontos positivos ilustrou o triunfo da economia sobre as rivalidades políticas. A China, incluindo Hong Kong, é o principal parceiro comercial japonês, superando os Estados Unidos. O comércio bilateral alcançou US$ 237 bilhões (R$ 400,5 bilhões) no ano passado, de acordo com estatísticas chinesas.

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