Jornada nas estrelas em busca de vida

O trabalho científico objetivando detectar a existência de outros tipos de vida inteligente que não a de ordinário conhecida, tem duas vertentes. Uma pela astronomia ao perscrutar o Universo, seja pelos cada vez mais sofisticados aparelhos instalados aqui mesmo ou em órbita da Terra, seja por meio de complexas operações que envolvem sondas não tripuladas até planetas vizinhos. A outra passa pela física com especulações sobre universos paralelos, pluridimensionais, de mundos cuja existência estaria fora dos limites do tempo e do espaço.

No artigo anterior escrevemos sobre os muitos zeros que se seguem a certos algarismos representando as probabilidades de existir vida em outros planetas. Mas adiantamos que no contexto da filosofia espírita, os conceitos de vida nem sempre coincidem com os da biologia, sendo o daquela mais abrangente, criando dificuldades extras para a comprovação material do fenômeno.

Conforme Jesus, ?há muitas moradas na casa do Pai?. A Terra seria apenas uma entre milhares ou milhões como vimos antes e de segundo nível, logo após os mundos primitivos. Nestes, que são destinados às primeiras encarnações da alma humana, prevalece com mais intensidade o atraso moral e intelectual de seus habitantes. A forma é sempre humana em toda parte, porém os mais inferiores são carentes de traços de beleza, a despeito da relatividade do conceito.

Nos de provas e expiações, como o nosso, há uma mistura entre o bem e o mal. Nos de terceiro nível, os regeneradores, ainda há as provas, mas não as expiações. O corpo seria de carne com sensações e desejos, mas sem sentimentos inferiores como ódio, inveja e orgulho. A felicidade ali não seria completa, mas muito maior do que a experimentada aqui. Não há paixões desregradas nem sofrimentos atrozes. Dos mundos regeneradores pode-se voltar para os de expiações, em casos de rebeldia ou preguiça. É o que teria sucedido há milhares de anos com os Exilados de Capela que migraram para cá.

Nos mundos superiores, os felizes e os celestes ou divinos, proporcionalmente, encontram-se espíritos cada vez mais depurados. Teríamos reencarnações muito mais longas, com até cerca de 500 anos, devido à própria constituição orgânica e ao menor desgaste causado à mesma pela ausência dos vícios, abusos e doenças que acometem os terráqueos. A infância seria de poucos meses ou nula, a alimentação pouco densa, quase exclusivamente à base de emanações fluídicas e energéticas. Vida social com preponderância da justiça e bondade e comunicação pelo pensamento sem exclusão da linguagem articulada. Não se arrastam penosamente junto ao solo como nós, mas deslizam sobre ela ou flutuam no ar.

Nos mundos celestes, o grau de perfeição relativa é quase total, porém o progresso é permanente e infinito. Ali não há dor de espécie alguma e as virtudes e a sabedoria atingem intensidade inimaginável. Todavia não há ociosidade e todos colaboram na qualidade de auxiliares diretos de Deus para o equilíbrio e harmonia universais. Embora ligados a estas moradas, não estão presos a elas, transportando-se por sua vontade a outras paragens, pois mesmo o seu perispírito ou corpo astral como alguns o denominam, praticamente nada mais possui de matéria.

Não há obrigatoriedade de se habitar todos estes mundos, pois muitos se equivalem e nem todos os que reencarnam na Terra, sempre o fizeram aqui. Além de recair de um mais elevado para outro inferior como punição, alguns espíritos o fazem para cumprir missões especiais e Cristo é o exemplo mais conhecido.

Este tema, especialmente quando envolvem revelações mediúnicas isoladas sobre determinados planetas como Marte ou Júpiter, foi tratado com reservas por Allan Kardec, homem de pensamento racional e científico. Dizia que só ao futuro caberia confirmá-las ou não, visto que os espíritos falam do que sabem e nem todos sabem tudo.

A sonda Galileu lançada em outubro de 1989 pela Nasa, sobrevoou a Terra e a Lua no dia 08/12/90. Esta foi a primeira vez que o nosso planeta foi visto do espaço utilizando-se dos mesmos métodos para pesquisa de vida em outros mundos e o resultado foi que, afora a presença de uma grande concentração de oxigênio, nenhum tipo de vida foi detectado.

Para o físico Nikolaj Kardashev há três tipos de civilizações distribuídas no Universo. As mais adiantadas fixadas nos centros das galáxias; algumas em regiões intermediárias e as como a nossa, nas periferias. ?Considero -diz ele – que os seres vivos e inteligentes, após determinado nível de desenvolvimento, devem modificar-se. Ao atingir o ponto máximo desse desenvolvimento, prescinde de corpo. Os seres são simplesmente fluxos energéticos privados de massa?. Não é uma confirmação do que ensinam os Espíritos?

Já Sergiej Petrovich declara sobre a possibilidade da vida em Júpiter. ?Nós dependemos de oxigênio e água que produz anidro carbônico. Outros seres poderiam beber amoníaco (quase tão bom solvente biológico como a água) respirar azoto e devolver cianeto de hidrogênio. A atmosfera jupteriana contém metano, amoníaco e hidrogênio em grandes quantidades?.

Parece não haver dúvidas quanto à existência de água em Marte e talvez em Titã, a maior lua de Saturno. Seja atrás de vida nos moldes da nossa ou de manifestação material menos ostensiva, o fato é que, em termos de exploração cósmica, mal estamos esticando o pescoço por sobre o muro do quintal do vizinho. Por enquanto só podemos contar com a lógica da filosofia e a revelação religiosa para desmentir a sentença de solidão que fascina os orgulhosos, frustra os místicos e entorpece os ignorantes.

Coluna da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Paraná ADE-PR. E-mail: adepr@adepr.com.br

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