Hamas diz que respeitará acordo de paz de Israel e ANP

O movimento Hamas, que controla a Faixa de Gaza, vai respeitar qualquer acordo de paz apoiado pelo Ocidente que for alcançado entre Israel e o governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP), contanto que esse acordo seja aprovado por um referendo global dos palestinos, disse hoje o primeiro-ministro do governo da Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh. Em rara entrevista à imprensa, Haniyeh pareceu adotar posições pragmáticas. Ele disse que o Hamas busca o diálogo com o Ocidente e quer ser “parte da solução, e não parte do problema”.

Haniyeh também negou acusações de Israel de que extremistas da rede Al-Qaeda estejam operando na Faixa de Gaza e que insurgentes no território planejam ataques contra o Egito. Haniyeh é considerado um líder da facção pragmática do Hamas, e o grupo islamita frequentemente envia mensagens contraditórias. Quando as negociações entre Israel e a ANP foram retomadas no começo de setembro, outros políticos do Hamas fizeram fortes críticas ao presidente da ANP, Mahmoud Abbas.

Desde o fim de setembro, as negociações entraram em impasse por causa das construções nos assentamentos dos colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, terras que os palestinos reivindicam, junto à Faixa de Gaza, para seu futuro Estado.

Mesmo com a abertura pragmática, Haniyeh foi bastante crítico com Israel e as negociações. “Israel deseja uma rendição total da nossa parte e isso nós não faremos.” Mesmo assim, ele disse que o Hamas permanece comprometido com a ideia do referendo, que fez parte de um acordo de unidade de curta duração entre os palestinos em 2007, um pouco antes do Hamas lançar a tomada violenta do poder na Faixa de Gaza.

“Nós não temos um problema em estabelecer um Estado palestino viável, com total soberania, nas terras que foram ocupadas em 1967”, afirmou. Esses territórios, tomados por Israel na Guerra dos Seis Dias, são Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental.

Nos últimos anos, o Hamas tentou se aproximar do Ocidente, e o líder da organização no exílio, Khaled Meshal, que vive em Damasco, expressou apoio a um Estado palestino com as fronteiras de 1967. Mas, ao mesmo tempo, o Hamas não revogou partes da sua carta fundadora, que pedem pela aniquilação do Estado de Israel, e funcionários do movimento também não dizem se veem a fórmula de dois Estados, Israel e Palestina, como um acerto definitivo ou como um passo para a eliminação futura de Israel.

Os israelenses argumentam que o Hamas não desistiu do seu objetivo de eliminar o Estado judeu. “Se o Hamas realmente deseja a paz, poderia ter feito isso de maneira bem simples, ao aceitar as três condições do Quarteto de Madri, as quais são reconhecer a existência de Israel, reconhecer os acordos anteriores entre Israel e os palestinos e abandonar o terrorismo”, disse o porta-voz da chancelaria de Israel, Yigal Palmor. As informações são da Associated Press.

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