Grupos pró-Evo ameaçam referendo na Bolívia

Movimentos populares ligados ao governo boliviano ameaçavam na sexta-feira (2) impedir o referendo que Santa Cruz, o departamento (Estado) mais rico do país, realiza no domingo (4) sobre seu estatuto de autonomia. ?Vamos queimar urnas e bloquear a votação nos lugares em que temos força?, disse ao Estado Fidel Surco, presidente da Confederação Sindical de Colonizadores da Bolívia, entidade aliada ao partido governista, o Movimento ao Socialismo (MAS). ?As elites econômicas e políticas de Santa Cruz querem dividir o país, mas não deixaremos.

Segundo Surco, a resistência ocorrerá a partir de ?quartéis de resistência? instalados com respaldo do MAS em pelo menos quatro pontos da região. Um deles será o bairro Plano Três Mil. Os outros são as localidades de San Julián, Yapacaní e Quatro Camadas. ?Se o governo local insistir em enviar urnas e delegados para esses locais, deve ter consciência de que será o responsável pelos confrontos?, ameaçou.

Milhares de crucenhos vão às urnas no domingo (4) para decidir se aprovam o estatuto autonômico, espécie de Constituição local que dará a Santa Cruz mais independência de La Paz em questões tributárias e administrativas. Com o documento aprovado, Santa Cruz poderia reivindicar autonomia para arrecadar impostos, assinar acordos com empresas estrangeiras, outorgar títulos de propriedade de terras e definir políticas nas áreas de educação e segurança, incorporando 43 atribuições atualmente do governo central.

Segundo pesquisas, mais de 70% da população deve apoiar o projeto, mas a Corte Nacional Eleitoral e o governo não reconhecem o estatuto e insistem que a votação é ilegal.

Responsável por 30% do PIB da Bolívia e 72% da produção agrícola do país, Santa Cruz é o principal reduto da oposição regional a Evo. A demanda por mais autonomia é histórica, mas os dirigentes locais resolveram aprovar unilateralmente o estatuto autonômico depois que deputados governistas da Assembléia Constituinte aprovaram, em novembro, uma nova Constituição para o país numa votação sem a oposição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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