Farc devem entregar reféns antes do Natal, informa jornal

Os três reféns que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram que libertarão "como um gesto de boa vontade" já estariam a caminho da Venezuela para serem entregues ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, antes do Natal. De acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira (20) no jornal colombiano El Tiempo, Clara Rojas, assessora de campanha da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, seqüestrada em 2002, seu filho, Emanuel, e a deputada Consuelo González de Perdomo, refém desde 2001, teriam sido levados do cativeiro, localizado entre os Departamentos (estados) de Caquetá e Guaviare, pelo rio Apaporis. Uma das possibilidades estudadas é de que eles teriam chegado perto da fronteira com a Venezuela pelos Departamentos de Vaupés ou de Guainía. Especula-se que a libertação possa acontecer no Estado venezuelano de Barinas, cujo governador é o pai de Chávez.

O ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou que o governo pode receber ajuda do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para garantir a segurança dos reféns no processo de libertação. No entanto, o CICV informou hoje que ainda não foi contatado nem pelo governo nem pela guerrilha. As Farc teriam se antecipado na operação para soltar os seqüestrados para evitar que o grupo fosse interceptado pelo Exército colombiano, da mesma forma que as provas de sobrevivência dos reféns foram interceptadas no fim do mês passado quando estavam a caminho de Caracas.

Na terça-feira, a guerrilha anunciou que iria entregar os três seqüestrados que fazem parte do grupo de reféns políticos a Chávez, ou a quem o presidente designasse. Atualmente, as Farc têm sob seu poder um grupo de 46 reféns políticos que pretendem trocar por 500 guerrilheiros presos. Para negociar o acordo humanitário, a guerrilha exige a desmilitarização dos municípios de Florida e Pradera, no Departamento de Valle del Cauca, por 45 dias. O governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, é contra o pedido.

Mediações de Chávez

No mês passado, Uribe decidiu encerrar as mediações que Chávez vinha fazendo entre o governo da Colômbia e as Farc, com a ajuda da senadora colombiana Piedad Córdoba. Chávez qualificou a atitude de Uribe de "traição" e disse que, se tivesse continuado como mediador, o líder máximo das Farc, conhecido como Manuel Marulanda, teria libertado alguns dos reféns até o Natal. Ontem, Piedad afirmou em Washington, nos Estados Unidos, que a libertação dos reféns poderia acontecer na Venezuela ou no Brasil, pois os dois países têm fronteiras com as zonas de selva onde estariam os acampamentos da guerrilha.

De acordo com analistas políticos, a segurança com a qual Piedad afirmava que alguns reféns seriam soltos antes do dia 31 faz com que exista a possibilidade de a libertação desses três reféns ter sido negociada com a Venezuela antes de Uribe colocar um fim na mediação de Chávez.

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