Egito aponta vitória de islamita Mohamed Mursi

Mohamed Mursi, candidato da Irmandade Mulçumana, venceu a eleição presidencial do Egito, divulgou hoje (24) o comitê eleitoral estatal. Mursi derrotou o Ahmed Shafiq, brigadeiro da reserva e último premiê do regime de Hosni Mubarak, deposto em 2011.

Após a divulgação do resultado da eleição, a praça Tahrir celebrou a vitória de Mursi. O presidente da Comissão, Farup Sultan, anunciou que Mursi obteve 13.230.131 votos (51,73% do total), ante 12.374.380 votos do rival (48,27%), o general aposentado Ahmed Shafiq, no segundo turno das eleições presidenciais, realizado nos dias 16 e 17.

Sultan destacou ainda que foram revisados pedidos de impugnações nos resultados em cerca de cem mesas eleitorais das mais de 13 mil nas quais os egípcios puderam depositar suas cédulas.

A decisão da Comissão Eleitoral não pode ser impugnada nem sofrer apelação por parte dos candidatos, ao ser a última instância responsável pelo pleito. Dessa forma, Mursi torna-se o primeiro presidente do Egito após a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, e leva à Irmandade Muçulmana ao poder pela primeira vez nos 84 anos de sua história, a maioria transcorrida na ilegalidade.

No primeiro turno, realizado no final de maio, Mursi havia recebido 5,76 milhões de votos, contra 5,50 milhões de Shafiq. Entre o primeiro e segundo turnos, também aumentou a taxa de participação do eleitorado egípcio, de 46% para pouco mais de 51%.

O Egito tem cerca de 82 milhões de habitantes, dos quais 51 milhões estão habilitados a votar. A quase totalidade (90%) da população é muçulmana, com uma parcela de 10% cristãos.

Desde a derrubada de Mubarak, no início de 2011, o país vive um período de intensa perturbação política, agravada pelas condições pouco auspiciosas da economia.

O PIB teve um magro crescimento de 1,8% no ano passado, a taxa de desemprego está em dois dígitos (10,4%) e a inflação bateu 8,2% neste ano.
A recente condenação do ex-ditador não pôs fim à crise política no país, governado hoje por uma Junta Militar que já recebeu acusações de “mão pesada” na condução do poder.

Nesta semana, a organização internacional HRW (Human Rights Watch) acusou a Junta Militar de manter um total de poderes maior do que no regime de Mubarak, abrindo espaço para repetidas violações dos Direitos Humanos.

Revoltada com o quadro político, a população tem ocupado regularmente a mundialmente famosa praça Tahrir, local dos protestos da “Primavera Árabe” no Egito.

Dias antes da divulgação dos resultados, manifestantes voltaram a ocupar a praça, no centro do Cairo, para protestar pela dissolução do Parlamento e as últimas decisões adotadas pela Junta Militar que governa o país.

Na sexta-feira, milhares de pessoas participaram de uma mobilização em apoio ao candidato da Irmandade Muçulmana, Mursi, e em rejeição a Shafiq e às emendas constitucionais adotadas pelos generais no poder.