CIA omitiu existência de fitas ligadas a 11 de setembro

A comissão que investigou os atentados de 11 de setembro de 2001 pediu à CIA, em 2003 e 2004, documentos e outras informações sobre os interrogatórios de membros da Al-Qaeda – e a agência de inteligência disse que tinha entregue tudo que possuía, informou hoje o New York Times.

Uma revisão de documentos secretos da comissão começou a ser feita no início do mês, após a descoberta de que a CIA destruiu, em novembro de 2005, vídeos com centenas de horas de interrogatórios de Abu Zubeida e Abd al-Rahim al-Nashiri, supostos membros da Al-Qaeda, gravados em 2002. Acredita-se que os vídeos mostravam que, durante os interrogatórios, foram simulados afogamentos, uma técnica que ativistas de direitos humanos qualificam como tortura.

Um relatório preparado por Philip Zelikow, ex-diretor executivo da comissão, conclui que "mais investigações são necessárias" para determinar se a CIA, ao reter os vídeos dos interrogatórios violou as leis dos EUA, informou o New York Times.

O porta-voz da CIA, Mark Mansfield, disse que a agência estava preparada para dar as gravações à comissão do 11 de setembro, mas seus membros nunca pediram os vídeos especificamente. Acrescentou que, "como se acreditava que os vídeos poderiam ser solicitados em algum momento, eles não foram destruídos enquanto a comissão esteve em funcionamento".

A CIA diz ter destruído os vídeos de forma legal, para proteger os agentes envolvidos nos interrogatórios, mas a revelação provocou duras críticas de ativistas dos direitos humanos e dos democratas no Congresso.

Os dois presidentes da comissão, Lee H. Hamilton e Thomas H. Kean, reagiram com fúria quando souberam na semana passada da destruição das gravações e disseram ao New York Times que a revisão das investigações os convenceu de que a CIA, de forma deliberada, decidiu obstruir os trabalhos da comissão sobre os atentados.

Voltar ao topo