Berlusconi poderá depor sobre seqüestro da CIA na Itália

Silvio Berlusconi, recém-eleito premier da Itália, foi admitido nesta quarta-feira (14) pela justiça italiana como testemunha no caso do seqüestro do imã egípcio Abu Omar em Milão, no dia 17 de fevereiro de 2003. Mais de 30 pessoas, entre agentes policiais da CIA norte-americana e da agência de inteligência italiana, são acusadas de envolvimento no crime.

A decisão foi tomada pelo juiz Oscar Magi, que aceitou, portanto, o pedido feito pelo advogado de defesa de Nicola Pollari, ex-diretor dos serviços secretos e acusado de seqüestrar Omar junto a pelo menos três altos funcionários italianos e mais 26 cidadãos norte-americanos (ex-agentes da CIA). O ex-premier Romano Prodi e os ex-ministros da Defesa durante a época dos fatos também serão convocados para prestar depoimento.

Silvio Berlusconi era o chefe de governo italiano na época da operação da CIA, e recentemente foi acusado de cúmplice pelo próprio Abu Omar. O egípcio, residente legal em Milão e sacerdote muçulmano na cidade, foi raptado por agentes norte-americanos em uma operação ilegal autorizada por George W. Bush e, em seguida, torturado por mais de um ano no Egito, segundo ele mesmo denuncia.

"Fui torturado por 14 meses e meio. (…) Com certeza Berlusconi sabia [da operação], (…) porque era uma questão de soberania para a Itália", disse Omar, desde sua casa em Alexandria (Egito).

Os políticos poderão ser chamados para informar sobre a possível existência de segredo de Estado no caso do seqüestro e da operação ilegal, na qual Berlusconi poderia estar envolvido, apesar de não existir qualquer acusação contra ele ou contra outros dirigentes políticos. Ainda hoje, está previsto o depoimento da esposa de Abu Omar, Nabila Ghali.

A operação da CIA em território italiano estava relacionada à guerra do Iraque e à luta antiterrorista. Com ajuda da polícia secreta italiana, a CIA espionou, seqüestrou e interrogou — supostamente sob tortura — o sacerdote egípcio, sob suspeita de envolvimento com o terrorismo. Omar foi recentemente liberado e obrigado a não revelar nada sobre a investigação pela qual passou.

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