Animais que são pragas urbanas

Alguns animais são considerados verdadeiras pragas urbanas. Muitas vezes, parecem inofensivos, mas vivendo dentro das casas das pessoas podem representar grande risco à saúde e ao bem-estar. São consideradas pragas nas grandes e pequenas cidades alguns tipos de aranhas, escorpiões, taturanas, ratos, baratas, entre outros bichos.

Nos períodos de frio, o que mais costuma incomodar são as formigas. Em busca de locais aquecidos, elas acabam entrando nas residências e gerando problemas ao se alojar, por exemplo, em torres de computadores. ?Isto geralmente acontece quando as torres são mantidas no chão, perto de frestas, soleiras de portas e azulejos. As formigas se instalam no computador em busca de calor e, se não forem descobertas a tempo, acabam até estragando o equipamento?, conta a bióloga da Coordenação de Controle de Zoonoses e Vetores (CCZV) de Curitiba, Claudia Staudacher.

As formigas são insetos sociais que formam colônias, estando incluídas no mesmo grupo das vespas e abelhas (ordem Himenóptera). Em todo o mundo (as formigas só não são encontradas nos pólos), segundo o CCZV, existem 18 mil espécies de formigas, sendo que 10 mil já foram descritas. No Brasil, ocorrem aproximadamente 2 mil espécies. Destas, vinte ou trinta podem ser consideradas pragas.

São formigas domésticas tidas como pragas: formiga-fantasma, formiga-louca, formiga-lava-pés, formiga-cabeçuda, formiga-carpinteira ou sará-sará, formiga-acrobática, formiga-argentina, pixixica ou pequena formiga-de-fogo e formiga-faraó. ?Muitas pessoas acreditam que as formigas não fazem mal algum, mas elas podem carregar nas patinhas vírus e bactérias, contaminando alimentos ao circular pela casa. Às vezes, adultos e crianças têm problemas intestinais e nem imaginam que os mesmos podem ter sido causados por formigas que anteriormente circularam sobre lixo ou mesmo fezes.?

Para evitar que as formigas se façam presentes dentro de casa, é aconselhável colocar telas finas nas janelas, rodinhos de borracha e ?cobrinhas? de areia nas portas, utilizar repelentes naturais (como cravo, folhas de louro, cascas de limão e de tangerina, que fazem com que os animais percam o rumo de direção) nos cantos das paredes e dos armários, conservar a higiene de todos os cômodos, manter alimentos doces em potes bem fechados e guardar açúcar dentro da geladeira ou em banho-maria.

Rachaduras em paredes, frestas de azulejos e de rodapés de madeira devem ser vedadas com silicone, parafina, cimento ou sabão, o que acaba criando barreiras físicas. ?O mais indicado é o uso do silicone, pois o produto sai fácil, não tem cheiro e é transparente. Veneno só deve ser utilizado sob orientação de empresa especializada idônea e com autorização para utilização dos produtos?, explica Claudia. As formigas também geram muita preocupação em ambientes hospitalares, pois podem agravar o problema de pacientes internados e que se encontram com baixa imunidade.

Baratas

O tipo de contaminação provocado pelas formigas é o mesmo que o provocado pelas baratas. Entretanto, estas costumam freqüentar locais bem mais contaminados, como fossas. Consideradas os animais mais antigos da Terra, estando presentes no planeta há cerca de 350 milhões de anos, as baratas são bastante resistentes. Isto se deve ao fato de que elas conseguem sobreviver até 45 dias sem comer e quinze dias sem beber água. Ainda conforme informações do CCZV, existem cerca de 4 mil espécies de baratas. No Brasil, duas são consideradas pragas domésticas: a chamada ?barata- de-esgoto? (Periplaneta americana), que vive aproximadamente quatro anos, e a ?barata-francesinha ou alemãzinha? (Blatella germânica), que vive, em média, quatro meses.

Ambas as espécies costumam apreciar alimentos ricos em amido, açúcar ou gordura. Porém, também podem ingerir celulose (presente em papéis), excrementos, sangue, insetos mortos, lixo e resíduos de esgoto. As formas de combatê-las são muito parecidas com as maneiras de evitar formigas. É preciso interferir nas condições de abrigo, alimento, água e acesso do animal. As dicas principais são acondicionar bem o lixo em sacos plásticos e não deixar alimentos ou resíduos dos mesmos expostos. ?Alguns produtos não são considerados alimentos – como colas e sabões -, mas por conterem carboidratos atraem baratas.?

Aranha marrom: antiga ameaça aos curitibanos

Estas aranhas são de tamanho pequeno, frágeis e pacíficas.

Um animal de tamanho bastante pequeno, aspecto frágil e temperamento pacífico representa uma grande ameaça aos curitibanos. Faça frio ou calor, a aranha-marrom (Loxosceles sp) não deixa de fazer vítimas pela cidade. Só este ano, do início de janeiro até o final de abril, já foram registradas 751 pessoas picadas. O dado é do biólogo da Secretaria Municipal de Saúde da capital, Marcelo Vettorello.

?O último óbito por picada de aranha-marrom em Curitiba foi registrado no ano de 1995. A reação ao veneno do animal varia de pessoa para pessoa, mas em geral é verificada lesão avermelhada e meio endurecida, queimação e necrose. Em alguns casos, também é verificada febre e mal-estar?, esclarece.

O aracnídeo que causa tantos problemas costuma encontrar dentro das casas condições ideais de sobrevivência. Ele geralmente é encontrado atrás de quadros, batentes de portas, dentro de caixas de papelão, frestas de armários, atrás de móveis e em meio a roupas, toalhas e lençóis. Além disso, gosta de entulhos e tem o forro das casas como criadouro.

?O grande problema é que a picada costuma ser indolor. Desta forma, a pessoa só sabe que foi picada ao encontrar a aranha esmagada em meio às roupas ou tempo depois, quando a lesão começa a incomodar. Desta forma, uma dica para evitar acidentes é virar as roupas no avesso antes de vesti-las e verificar se o animal não está presente dentro de sapatos e em meio às roupas de banho e cama?, afirma Claudia Staudacher.

Outras dicas são: não guardar entulhos, afastar móveis de paredes, não deixar mosqueteiros de berços de bebês arrastando no chão, adaptar fita adesiva com dupla face ou passar vaselina líquida nos pés das camas, aspirar cantos e frestas, fechar batentes de portas e eliminar frestas em armários embutidos. Havendo suspeita de picada, é recomendado procurar um médico o mais rapidamente possível.

Aranha da banana

Além da aranha-marrom, outras duas aranhas são de interesse médico no Brasil: a viúva-negra e a aranha-armadeira, também conhecida como aranha-da-banana. A primeira vive nos estados do sudeste e do nordeste. Já a aranha-da-banana (Phoneutria) é encontrada no Paraná. Seu nome popular se deve ao fato de que ela vive em meio a plantações de banana, gerando riscos a trabalhadores rurais e pessoas que compram cachos de banana em beiras de estrada. ?O veneno da armadeira pode levar uma pessoa à morte em menos de 24 horas, sendo prejudicial principalmente para crianças com menos de 7 anos de idade e adultos com mais de 65 anos. Ele atinge o sistema nervoso central e mata por edema de pulmão?, revela a chefe da Divisão de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, Giselia Rubio.

A picada da aranha-da-banana provoca dor forte e intensa. Em caso de acidente, a vítima deve procurar auxílio médico imediato. O tratamento é feito através da utilização de analgésicos e aplicação de soro antiaracnídico, quando é verificado vômito. No ano passado, em todo Estado, foram verificados 831 acidentes. (CV)

Taturanas representam grande risco

Geralmente medem entre seis e sete centímetros de comprimento.

Um lepdóptero de aparência bonita pode gerar grandes danos quando em contato com a pele do homem. As taturanas (Lonomia sp) são animais que no futuro irão se transformar em borboletas ou mariposas, mas que na fase de lagartas – que normalmente dura entre duas e quatro semanas – representam grande risco.

Medindo de seis a sete centímetros de comprimento, as taturanas possuem cor que varia do marrom claro esverdeado ao marrom amarelado e têm o corpo repleto de espinhos venenosos. Vivem em troncos de árvores e, devido à cor intensa, costumam atrair principalmente a atenção de crianças.

O contato com o animal gera queimação, vermelhidão, inchaço, calor, mal estar, cefaléia, náuseas e vômito. Em casos mais graves, o paciente pode ter insuficiência renal aguda (devido à incapacidade dos rins de filtrar o veneno) e mesmo morrer.

Para evitar acidentes com as lagartas, é aconselhável retirá-las das árvores com a utilização de luvas de borracha, posteriormente colocando-as em sacos plásticos bem fechados, e realizar podas nas árvores. Também existem empresas que oferecem serviços de pulverização. (CV)

Veneno do escorpião é muito tóxico ao homem

A mordida deste aracnídeo costuma ser muito dolorida.

As pessoas não costumam vê-los com freqüência, mas os escorpiões também representam uma ameaça a quem vive em meios urbanos. De hábitos noturnos, o animal é um aracnídeo peçonhento, que possui um ferrão na ponta de sua cauda, através do qual injeta veneno.

No Paraná, a espécie mais encontrada costuma ser a Bothriurus sp, que é caracterizada pela cor preta e por medir aproximadamente quatro centímetros de comprimento. ?Os escorpiões ficam escondidos debaixo de pedras, materiais de construção e terra. Por isso, geralmente são pouco vistos durante o dia?, informa a bióloga Claudia Staudacher.

Os escorpiões Bothriurus não costumam ter veneno muito tóxico ao homem, provocando acidentes de pouca gravidade. ?A mordida do animal costuma ser bastante dolorida. Desta forma, as pessoas procuram logo ajuda médica e os danos à saúde costumam se resumir apenas a lesões locais.?

Nas cidades, de acordo com folder informativo divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde do Estado do Paraná (Sesa), também costumam ser encontrados representantes das espécies Tityus bahiensis e Tityus serrulatus. Os primeiros são marrons, medem seis centímetros e possuem veneno que pode causar acidentes moderados com pouca gravidade. Já os segundos são amarelos, medem sete centímetros e possuem veneno altamente tóxico, que pode levar um ser humanos à morte.

Além de viver sob terra e entulhos, os escorpiões caminham por encanamentos. Por isso, podem acessar as residências através de ralos de banheiros, sendo aconselhável utilizar telas finas nos mesmos. Eles também costumam ser encontrados em caixas de gordura (geralmente presentes em casas antigas) e dentro de caixas de luz. (CV)

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