Ali Bark, um grande jornalista

Para meu Pai. Ali Bark

Voltado ao culto da amizade e entregue ao dever de servir, ao desejo de aproximar as pessoas.

Ali Bark em sua revista “Rumo Paranaense”, instituiu um novo padrão de imprensa, independentemente de grupos políticos, econômicos ou religiosos. Sem bajular, sem procurar ganhar posições através do elogio barato, empenhou-se em realçar aqueles vultos – em maioria já não pertencentes a este mundo – que na sua opinião se continham dentro dos pa- drões daquilo que entendia como civilização.

Em uma das muitas homenagens que recebeu, cito aqui um trecho que a mim muito comoveu por mostrar um lado de Ali Bark que mesmo sendo sua filha não conhecia.

É de seu grande amigo Oswaldo Nascimento:

“Nos 30 anos em que o conheci, apreciei facetas do seu comportamento, que a maioria desconhece. Ali Bark, em sua mocidade, participou intensamente da política. Em Ponta Grossa, sua cidade natal, fundou a Sociedade dos Amigos de Getúlio Vargas, que reunia cerca de duas centenas de filiados ativistas sob sua principal liderança. Fui um de seus correligionários mais exaltados, em campanhas memoráveis.

Francisco de Souza Neto (Chicuta), velho prócer de dissidência petebista: André Shwanda (o fotógrafo líris): Adalberto Carvalho Araújo, nosso aliado no “Jornal do Paraná” de que fui redator-chefe e seus filhos Adalto e Adalberto Araújo, eram os principais companheiros e incentivadores de Ali, em sua atividade junto ao povo.

Fundou, em Ponta Grossa, o semanário político “O 3 de Outubro”- supertablóide linearmente trabalhista, de que também fui redator chefe e que se transferiu para a Capital do Estado, quando tenso ambiente princesino forçou nossa vinda para Curitiba.

Juntos, enfrentamos os “cacetetes” da polícia que aparecia para dissolver, pela violência, os comícios de que participávamos, por ordem de um tal coronel Assunção.

Uma tarde, na Praça Tiradentes, cerca de 10 agentes policiais me agrediram a cacetete, quando realizava a cobertura de um “comício da Panéla Vazia”. Ali Bark correu em meu auxílio. Apanhou comigo, heroicamente, até que entramos num táxi, ensangüentados, e fomos desembarcar nas sede do “O 3 de Outubro”, a fim de prepararmos a respectiva edição especial .

Nesse dia, nos tornamos “irmãos de sangue”!

Movimentamos o Sindicato dos Jornalistas, o Ministério da Justiça e o presidente da República, Dr. Getúlio Vargas, que prometeu tomar providências…

Todos os jornais comentaram o fato.

A coragem de Ali tornou-se conhecida e admirada em todo o Paraná.

Veio, porém o amadurecimento. As trilhas do jornalismo multipartiram-se apontando novos e diferentes rumos. Profissionalmente, nos separamos. “Rumo Paranaense”, a sua revista dedicada aos valores de maior envergadura do pensamento, da sociedade e das letras Paranaenses, propiciou nosso reencontro. Permanecemos juntos até o final de seus dias.

A vida material é transitória e a Eternidade é destino comum dos homens que acreditam na imortalidade da alma.

Se Cristo afirmou ser “o Caminho, a Verdade e a Vida”, sei que ele, o mestre, não mentiu. Basta seguir-lhe os passos, com fé, retidão e amor; fazer o bem sem olhar a quem, como Ali Bark o fez sem reivindicar nem mesmo a recompensa dos céus!”

Dois dias antes de falecer, meu pai Ali Bark, em seu leito de dor, folheando o último exemplar da sua Rumo Paranaense que era de número.61 deixou a sua mensagem aos companheiros na profissão que ele primou como mestre, guia e símbolo.

“Sem a sinceridade, sem o amor à verdade, sem a coragem que mantém vivo o ideal, a imprensa é um pobre robô e o homem um objeto, uma simples referência estatística”.

Ali Bark levou a bom termo suas preocupações, sem deixar de dar a mão ao amigo, ao estranho em dificuldade, ou a palavra de ânimo àquele que desorientado, sofria.

Amava aos semelhantes e, respeitando-os, gostava de vê-los a sua volta, sempre entusiasta e sorridente, com seus charutos, cigarro de palha, amendoins, enfim tudo que pudesse oferecer a seus amigos. “Para quem, como nós se interessa em primeiro lugar pelo lado humano das pessoas, em termos de personalidade, existe sempre um mundo de perplexidades diante daqueles que observamos, pois se é verdade que todos somos irmãos, participantes do destino comum da humanidade, não há nada mais singular, privativo, indevassável, do que o indivíduo, desde o mais humilde ao mais destacado.

Gostamos dos idealistas, dos homens de fé, na medida em que abominamos os egoístas e mesquinhos.

Entretanto, até que ponto a manifestação de idealismo e de grandeza é sincera?

Por outro lado, devemos julgar os egoístas e mesquinhos, sem considerar as circunstâncias da sua vida e das suas fraquezas?

Nunca esquecerei você!

Meu coração chora sua ausência, pois o vazio que sua ida deixou, nada, nem ninguém nunca conseguirá preencher!

Sinto orgulho em ser sua filha!

Eu te amo paizinho!

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