Mulher inventa história macabra e mobiliza polícias no Rio

Rio – Policiais civis e militares, bombeiros e agentes do Centro de Controle de Zoonoses de Campos, no Norte fluminense, foram mobilizados na manhã de hoje (30) para atender a um chamado macabro – a cadela Fadinha, da raça pitbull, teria devorado o bebê recém-nascido de sua dona, Valdinéia Florindo Coutinho, de 38 anos. À tarde, depois de o animal ter sido operado para que fossem retirados de seu estômago os restos da criança, descobriu-se que Valdinéia sequer esteve grávida. A polícia está investigando se ela sofreu gravidez psicológica ou agiu de má-fé.

Valdinéia estava em casa, na favela Parque Aldeia, com os três filhos – um rapaz de 17 anos e duas meninas de 14 e 13 – quando queixou-se de um mal-estar. Ela contou aos filhos que a bolsa d’água havia rompido e que a criança havia caído no chão. A cadela, então, teria atacado o bebê e o engolido. Ninguém testemunhou o fato. Uma das filhas confirmava inicialmente a versão, mas depois confessou que mentira a pedido da mãe.

A polícia começou a suspeitar da história quando encontrou o piso da casa lavado. A cadela Fadinha estava aparentemente tranqüila e não havia vestígios de sangue em seu focinho. O animal foi capturado, sem reagir, por veterinários do Centro de Controle de Zoonozes e submetido à operação.

Enquanto isso, Valdinéia era atendida no Hospital da Beneficência Portuguesa. Os médicos atestaram que ela não teve gravidez recente – não havia dilatação intravaginal, o colo do útero estava fechado (para que volte ao normal são necessários 40 dias após o parto), o útero apresentava dimensões normais, não havia vestígio de sangue ou placenta. Laudo do médico Cláudio Cola, do Instituto Médico Legal, confirmou o exame feito no hospital.

Os policiais passaram, então, a pressionar a filha de Valdinéia e ela acabou revelando que havia recebido instruções da mãe para confirmar que vira a cadela devorar o bebê. O marido de Valdinéia, que trabalha como cortador de cana e estava na usina no momento do suposto ataque, disse que a mulher parecia grávida pela manhã e que a barriga havia diminuído.

"Por enquanto estamos trabalhando com a hipótese de ela ter sofrido uma gravidez psicológica. Se ficar comprovado que ela agiu de má-fé, para enganar o marido, por exemplo, pode vir a ser responsabilizada", afirmou o delegado da 146.ª DP (Guarus, em Campos), Hermano Augusto Rocha.

Os veterinários encontraram uma massa de carne triturada no estômago de Fadinha. O material será analisado pelo Laboratório de Genética da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A cadela passa bem, está recebendo soro e ficará em observação por 10 dias no Centro de Controle de Zoonozes. Até o final da tarde de ontem, Valdinéia ainda prestava depoimento na delegacia.

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