Mudanças de hábitos

Mal completamos duas semanas com a nova legislação de trânsito sobre o consumo de bebidas alcoólicas. Agora, as regras são mais rígidas, e na média dois copos de chope são suficientes para o motorista estar acima da dosagem permitida. A polícia está fazendo patrulhamento ostensivo, principalmente nos fins de semana, e isto está mudando os hábitos dos brasileiros, que já tinham instituído o ?happy hour? como um desfecho do dia-a-dia.

Para os que estão contra a decisão do governo federal, os números são cruéis. As ocorrências nas ruas e estradas diminuíram sensivelmente, os atendimentos nos hospitais idem. Por mais que haja exagero na medida, a realidade é dura, e restringir o consumo de bebidas foi a decisão mais plausível para o momento.

Enquanto isso, todos tentam se adequar às novas regras. Agora, os grupos vão aos bares com duas possibilidades: decidem que uma pessoa ficará sem beber durante a noite (mais fácil se há alguém que já não bebe) ou saem em táxis para poderem se divertir sem maiores preocupações.

Em Curitiba, uma movimentação chama a atenção. Os donos de peruas e vans, que só trabalhavam com o chamado ?receptivo? (levando e trazendo turistas ou executivos para hotéis e aeroportos), agora se alvoroçam para serem as opções para os notívagos. Querem conversar com os donos de bares para criar uma espécie de sistema de transporte aqui na cidade, poderia se chamar de ?interbares?.

Aí reclamam os taxistas. Estes seriam, em tese, os grandes beneficiados com a medida do Conselho Nacional de Trânsito, mas agora vêem seu ganha-pão ser invadido pela ameaça das vans. Alguns estão furibundos, querendo que a Prefeitura de Curitiba não permita a presença das peruas nas portas dos bares.

E foi criada outra indústria: a indústria dos bafômetros. Bares e restaurantes estão encomendando centenas de máquinas para seus estabelecimentos, e com isso facilitar a vida dos clientes.

A inusitada situação prova que a tecnologia também está a serviço das noitadas.

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