MST suspeita de interesse eleitoral em cerco

A coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) levantou hoje a suspeita de que interesses eleitorais estariam por trás do repentino cerco policial a uma fazenda invadida por sem-terra em Goiás. Membro da coordenação nacional, o líder do MST João Paulo Rodrigues disse que a retirada de cerca de 1.300 famílias da Fazenda Santa Luzia, em Mozarlândia, vinha sendo negociada.

Ele afirmou que a chegada da Polícia Militar, por volta das 4 horas de hoje, teve como objetivo apenas criar uma situação de conflito para ser explorada em benefício do presidenciável do PSDB, José Serra – que tentaria vincular a confusão ao PT.

“Há uma tentativa por parte do candidato José Serra de explorar aquele despejo”, acusou Rodrigues.  O líder do MST disse haver boatos de que uma equipe de TV da campanha de Serra estaria em Goiás para registrar um eventual confronto entre os sem-terra e a polícia.

No fim da tarde, porém, Rodrigues afirmou que, segundo informações preliminares, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão do governo federal, estaria intermediando a saída pacífica das famílias sem o uso da força policial.

De acordo com o líder do MST, a ação policial não atropelou as negociações para a retirada de famílias durante a campanha no primeiro turno. Segundo ele, no entanto, nesta reta final de segundo turno, os despejos estão sendo acelerados pelas autoridades nos Estados de São Paulo, Sergipe, Pará, Paraná, Goiás e Espírito Santo. Ele contou ter informado a situação ao presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP).

Rodrigues disse que a Fazenda Santa Luzia tem 30 mil hectares e pertenceria ao empresário Wagner Canhedo. A área foi invadida há cerca de 40 dias, mas a Justiça determinou a saída das famílias, segundo ele.

O dirigente do MST negou que o movimento tenha suspendido invasões durante a campanha eleitoral com a intenção de não prejudicar a candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Rodrigues, foram feitas quatro ocupações antes das eleições: uma em São Paulo, uma em Goiás e duas no Maranhão.

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