MST fecha entrada de fazenda da Embrapa em Ponta Grossa

Cerca de 180 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam hoje pela manhã a estrada que dá acesso à Fazenda Modelo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Ponta Grossa, a cerca de 120 quilômetros de Curitiba, e impediram que os funcionários entrassem para trabalhar. Barracas foram montadas na entrada da propriedade, onde são feitas pesquisas de melhoramento de culturas. Para liberar a porteira, os sem-terra exigem uma audiência com o presidente da instituição. Querem discutir a cessão de parte das terras para um assentamento.

A área, de cerca de 2 mil hectares, tem grande parte cedida em comodato ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Um grupo de sem-terra invadiu, em 2002, 633 hectares nesse local, com a anuência do instituto paranaense. Ali montaram o acampamento Emiliano Zapata. O governo do Paraná e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já tinham acertado a compra da área, onde se pretende montar um assentamento que sirva de modelo para a reforma agrária no País. A compra chegou a ser anunciada em setembro do ano passado, por cerca de R$ 5,4 milhões, mas faltaram alguns documentos da Embrapa para a concretização.

Os sem-terra querem também que sejam esclarecidas as situações de outras áreas contíguas à da Embrapa. Eles acreditam que podem ser da empresa e teriam sido apropriadas indevidamente por aqueles que se dizem proprietários. "Não ocupamos a sede porque não é esse o objetivo", disse um dos coordenadores do movimento na região, João Israel.

De acordo com o chefe da assessoria jurídica da Embrapa, Antonio Nilson Rocha, pelo fato de a área ter sido incorporada ao patrimônio no início da década de 70 não se observou a legislação atual, que exige a delimitação da propriedade. Isso está sendo feito agora, com vistas à venda ao Incra.

Reintegração

Ele disse que a empresa ajuizou pedido de reintegração de posse, mas tem interesse em resolver a questão no diálogo. Por isso deve mandar um representante para uma conversa quinta-feira no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Curitiba. Rocha afirmou que, a partir do levantamento, se a Embrapa descobrir que há pessoas ocupando ilegalmente as terras da empresa, vai pedir a reintegração.

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