MP acusa ex-governador do Rio de Janeiro e Duda por desvio

O ex-governador do Rio de Janeiro, Marcello Alencar, o ex-secretário de Fazenda Marco Aurélio Barbosa de Alencar, filho de Marcello, e 15 publicitários foram denunciados pelo Ministério Público estadual por corrupção passiva e peculato. A denúncia afirma que em 1995 houve desvio de dinheiro público destinado a campanhas institucionais do governo estadual em benefício da agência A2CM Assessoria Política Ltda, de Duda Mendonça. O publicitário, depois, assumiria a conta da campanha do candidato do PSDB ao governo do Estado, Luiz Paulo Corrêa da Rocha.

Também estão entre os denunciados os publicitários Roberto Medina, Armando José Strozemberg, Giovanni Wilbert Servolo e o ex-coordenador-geral de Divulgação do governo estadual Jomar Pereira da Silva.

Na denúncia, encaminhada à 23ª Vara Criminal do Rio, os promotores Carina Fernanda Gonçalves e João Luiz Ferreira de Araújo Filho afirmam que sete agências foram contratadas, por licitação, em 1995. Em 10 de julho de 1997, o governador Marcello Alencar decidiu transferir a Coordenação-Geral de Divulgação do Estado, até então subordinada ao Gabinete Civil, para a Secretaria da Fazenda. A mudança foi feita um mês depois de ele nomear como secretário da Fazenda seu filho, Marco Aurélio, que passou a supervisionar toda a publicidade do governo.

No dia 14, Marco Aurélio, Jomar e o também denunciado Deodônio Cândido de Macedo Neto determinaram que as agências deveriam transferir parte dos contratos para a empresa de Duda. Esta solicitação é vista pelo Ministério Público como uma "solicitação de vantagem indevida em favor da empresa A2CM". A Cult Comunicações não aceitou e o governo passou a não aprovar suas peças publicitárias. Teriam concordado em participar do esquema as agências Euso Propaganda, Cláudio Carvalho Propaganda e Marketing, Artplan Publicidade S.A., Comunicação Contemporânea Pubblicittá Propaganda e Marketing S.A. e Giovanni & Associados Propaganda S.A. Os promotores resolveram então pedir à Justiça a quebra do sigilo bancário das empresas, entre julho de 1997 e dezembro de 1998.

Os promotores lembram que, embora Marcello Alencar não tenha se candidatado à reeleição, lançou o seu chefe de gabinete, Corrêa da Rocha, como candidato à sua sucessão pelo PSDB. A campanha dele foi feita pela A2CM. De acordo com a denúncia, todos os acusados devem responder pelo crime de peculato. Marcello, Marco Aurélio, Deodônio, Jomar e Duda devem responder também por corrupção passiva.

Além dos já mencionados, foram denunciados, entre outros, Cláudio Roberto Soares Bentes, Paulo Fernando Soares Bentes, Antonio Cláudio Nogueira de Carvalho, Clare Andrews de Carvalho e Mauro Reginaldo da Costa Matos.

A Artplan, de Roberto Medina, informou que ele não comentaria o caso antes de ser notificado. Outros denunciados não foram localizados ou não retornaram as ligações do jornal O Estado de S. Paulo na noite de ontem para comentar as denúncias.

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